Cida: a personalidade própria na política

(por Ruth Bolognese) – A primeira governadora do Paraná, Cida Borghetti, entrou para a política pela força e a vontade do marido, o deputado Federal, Ricardo Barros. Ela sempre admitiu isso e o fato não reduz a importância da trajetória.

Da mesma forma, a candidatura à reeleição foi o ápice de uma estratégia que começou em 2014, habilmente montada pelo marido e que agora se manifesta abertamente: nove meses no topo não satisfaz e a família Barros quer permanecer no poder e pronto.

O único e mais importante entrave à vitória dessa estratégia, na contradição própria da política, chama-se também Cida Borghetti. A pesquisa CBN/Cascavel mostrou que, apesar de toda a exposição dos últimos meses, apenas 5% dos paranaenses querem que Cida permaneça no cargo. Ainda está para ser provada a justificativa básica do próprio chefe do clã, Ricardo Barros, de que o cargo de governadora seria suficiente para a projeção da mulher.

Na verdade, o mesmo mecanismo que transformou Cida Borghetti em governadora também influi decisivamente no seu futuro político: desde a primeira eleição para deputada estadual, a candidatura a prefeita de Maringá, o cargo de vice-governadora – e lá se vão mais de 30 anos de atuação política – Cida Borghetti nunca conseguiu se distanciar da influência absoluta do marido.

Permaneceu naquela confortável posição de sorrir sempre, cuidar da beleza sempre, ser sempre simpática e amável. Não tem inimigos, adversários, críticos e nem opiniões polêmicas. Seus projetos, tanto na Assembleia como na Câmara Federal, se restringem a teses femininas (não feministas) como o combate ao câncer de mama e a proteção da infância de adolescência.

No fundo, a governadora continua a mulher que Ricardo Barros trouxe para a política e obedeceu rigorosamente o script estabelecido. Saudada e paparicada aonde vai, é a ponte que todos os grupos de interesses do Paraná querem atravessar para chegar ao marido.

Por tudo isso, Cida Borghetti não se coloca como opção de voto para os paranaenses, conforme indicam as pesquisas. Falta-lhe personalidade e identidade próprias. E isso só se constrói na lida, no errar e acertar, no enfrentar e discordar. Pela própria cabeça.

Mas ainda há tempo: a própria governadora afirmou, na véspera da posse, que nove meses é um tempo emblemático para todas as mulheres. Pode nascer, enfim, uma nova mulher, que conquiste corações, mentes e a confiança dos paranaenses.

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