O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) defendeu a chamada Lei de abuso de autoridade ao comentar reportagem publicada pelo UOL em parceria com o The Intercept Brasil que mostra que a Lava Jato ignorou uma denúncia feita pelo ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso.
“Por isso, nós estamos lutando aqui pela derrubada dos vetos da lei de abuso autoridade”, diz Barros.
No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vetou dispositivos em 19 artigos do projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que atualiza a lei de crimes de abuso de autoridade.
Agora, parte dos parlamentares se movimenta para derrubar esses vetos.
“É preciso que todos nós brasileiros, indistintamente de que cargo ocupemos, sigamos as leis de forma adequada”, afirmou Barros, integrante do chamado “centrão” – grupo que concentra a maior parte dos assentos da Câmara.
“A operação [Lava Jato] livrou algumas pessoas, buscou algumas pessoas e obviamente isso não teve isenção”, completou o parlamentar.
Ele ainda ecoou críticas à Lava Jato feitas por Augusto Aras, indicado por Bolsonaro para ser o novo procurador-geral da República.
“Como disse o Augusto Aras, a Lava Jato tem méritos no combate à corrupção, mas os fins não justificam os meios, deixando claro que ele percebe que a operação não seguiu as regras legais para alcançar seus objetivos”, afirmou.
Segundo Barros, muitos procuradores não querem a verdade, mas apenas ouvir delatores que confirmem versões e narrativas que coincidam com suas “teses” e com seus “alvos”, ou seja, pessoas e empresas.
“É a conduta de modo geral de alguns procuradores que buscam imprimir à política o seu pensamento”, protestou o ex-ministro da Saúde. “Deste eu não gosto: eu onero, eu acuso. Deste eu gosto: eu arquivo.”
Em diálogos no Telegram revelados pelo UOL nesta terça-feira (10) em parceria com o The Intercept Brasil, investigadores da Lava Jato afirmam que a denúncia de Cunha sobre fraude na escolha de relatorias no Congresso era importante. Mas mesmo assim optariam por ignorá-la.
Cunha havia feito a denúncia ao negociar delação premiada, que não foi aceita pelos procuradores, entre outros motivos, pelo fato de as denúncias não envolverem o ex-ministro Carlos Marun, nem outras informações que interessassem aos procuradores.
Barros reiterou postura da defesa de Eduardo Cunha em setembro de 2017. “Eles querem que o delator diga o que eles querem ouvir e não o que, de fato, o delator tem a dizer”, afirmou.
Espero que os deputados pensem no contribuinte e nos de um presente que é está Lei contra os abusadores.