A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a Cidadania Honorária da capital à cantora, compositora e instrumentista Alcione Dias Nazareth, apelidada de Marrom e referência do samba brasileiro. De iniciativa da vereadora Maria Leticia (PV), o projeto teve 29 votos favoráveis e 1 abstenção. A matéria retorna à pauta na segunda-feira (17), para a deliberação em segundo turno. Em 2019, relatou Maria Leticia, a sambista veio a Curitiba especialmente para um show beneficente da seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR). A arrecadação foi destinada a doações para a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba, onde se reuniu com as colaboradoras e conheceu o projeto.
“Ela foi convidada para ser madrinha da campanha de enfrentamento à violência contra a mulher do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, demonstrando a importância do tema e da atitude da cantora. A proposição se justifica na medida em que Curitiba é uma cidade que está comprometida com a erradicação da violência contra a mulher”, afirmou a vereadora”, acrescentou Maria Leticia. “É importante que a mulher, uma mulher negra como ela, ocupe seu espaço de debate.”
Maria Leticia destacou a importância da homenageada, chamada de Rainha do Samba, para a música nacional, além de sua luta contra a violência à mulher. Natural de São Luís (MA), ela começou a se apresentar aos 12 anos de idade por influência do pai, José Carlos Dias Nazareth. Aos 18 anos se formou como professora primária, passando a se dedicar à música com mais afinco aos 20. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1972.
Alcione já conquistou o Grammy Latino, na categoria “Melhor Álbum de Samba/Pagode”, em 2003, e o Prêmio da Música Brasileira como Melhor Cantora de Samba, em 2015, dentre outros reconhecimentos. É de sua autoria música em homenagem à Lei Maria da Penha.
“Acredito que essa é uma homenagem mais que merecida”, disse Professora Josete (PT). “Imagine alguém que nasceu em 1947 e já bem jovem optou pela carreira artística, [de] cantora. Se hoje a gente ainda acompanha preconceito em relação as mulheres que são artistas, imagine nanquela época. É uma guerreira, uma mulher negra que nunca escondeu sua origem humilde.”
Noemia Rocha ( MDB) elogiou o trabalho de Alcione. Também defendeu o “resgate de valores familiares” no combate ao machismo e a violência à mulher, além de maior participação feminina na política. “Eu inclusive a entrevistei para meu canal”, afirmou Herivelto Oliveira (Cidadania), em apoio ao projeto.