Em maio do ano passado, oficiais da Polícia Militar levaram a Beto Richa sua insatisfação com o secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita. O grupo foi recebido no gabinete do governador, no 3.º andar do Palácio Iguaçu. Beto mandou chamar Mesquita e conseguiu que os ânimos serenassem. Mas as desavenças continuaram.
Na época, já há mais de um ano, circulava na Polícia Militar um longo texto que expunha as divergências da corporação com o secretário da Segurança. Tinha como pano de fundo a suposta influência do deputado Fernando Francischini, o ex-secretário que comandou a desastrada operação do 29 de abril de 2015 contra servidores que protestavam no Centro Cívico. Francischini responsabilizou a PM pela lambança, mas ainda teve o poder de impor a Beto Richa um substituto de sua confiança, o delegado PF Wagner Mesquita.
O Contraponto teve acesso a este documento. Nele se confirma o clima belicoso revelado neste fim de semana na coluna que o titular deste site assina na Gazeta do Povo. Os dois lados, claro, cumprem o protocolo de desmentir as informações.
Abaixo, trechos do documento datado de 21 de maio de 2016:
Clima tenso na segurança pública do PR.
Na última terça-feira [17 de maio de 2016] o cmt geral foi destituído, momentos depois o governador refluiu, mas, buscando um melhor momento para afastar o cmt e provavelmente o sesp também.
A crise se inicia com a própria indicação do Mesquita como sesp em substituição ao francischini.
O Mesquita era o diretor de inteligência da sesp na gestão do francischini. Foi do Mesquita a análise equivocada no dia 29 de abril [de 2015] sobre a fabricação de coquetéis molotov no meio dos manifestantes e através da mídia (rpctv) foi desmentido pois eram alunas do curso de farmácia que estavam fabricando antídotos às bombas de gás. Do resultado desse erro de análise os cmts da operação se utilizaram de uma premissa inverídica e que na somatória de fatores deu o resultado que todos conhecemos.
O tempo todo, há um trabalho de desprestígio do Mesquita à PMPR sendo visível no dia-a-dia.
No caso araupel onde está o Mesquita? Na rebelião da penitenciária em londrina, onde ele está? Na crise em que pms foram vítimas do crime organizado, tanto em Curitiba, quanto em londrina, onde estava o departamento de inteligência da sesp visando antecipação? Falharam.
A gestão da segurança pública do Paraná retroagiu a modelos de 20 anos, houve um retrocesso.
Agora, desejando desestabilizar a pm, ele trabalha para derrubar o cel. [Tortato].
Na tropa há uma desconfiança misturada com indignação sobre o secretário. Em relação ao cel tortato há o indicativo que buscou o auxílio para os problemas que afetam a corporação e não foi ouvido, a partir do Mesquita.