Em 2009, num gesto que à época foi interpretado como uma tentativa de aproximação política com o prefeito Beto Richa, o então governador Roberto Requião assinou a lei 16.348, que concedia anista a uma dívida que R$ 500 milhões que município tinha com o estado por conta do financiamento que permitiu a implantação da Cidade Industrial de Curitiba – CIC na década de 1970 (foto histórica abaixo). Como não pagava a dívida, o governo inscreveu o município no cadastro de inadimplentes, o que impedia o acesso da prefeitura de Curitiba a financiamentos. Quando Requião anunciou a anistia, o prefeito Beto Richa agradeceu e disse que a solução para a dívida da CIC vinha “em boa hora”.
Ficou, no entanto, um remanescente de R$ 70 milhões referente a impostos vencidos. Nesta quarta-feira, 12, o governador Beto Richa chamou o prefeito Rafael Greca ao Palácio para vê-lo assinar uma nova lei que transforma o débito tributário em investimentos do governo estadual em favor de Curitiba.
Não é necessário ser simpatizante de Requião para notar que foi dele o ato que concedeu a anistia do principal da dívida quando estava no cargo um prefeito que era seu “inimigo”. Richa se elegeu governador em 2010, assumiu em 2011 e cumpriu seu primeiro mandato inteiro sem se lembrar que poderia anistiar o prefeito Gustavo Fruet – tão seu “inimigo” quanto fora Requião – da obrigação de pagar os tributos devidos. Só veio a se lembrar agora, já passados três anos de sua segunda gestão, quando Curitiba passou a ter um prefeito “amigo”, Rafael Greca.
Na sua página no Facebook, Greca também se atrapalha com as datas: diz que a anistia do principal da dívida aconteceu em 2015. Ele se enganou: foi em 2009.
Em algumas ocasiões, Beto Richa bem que poderia tomar Requião como exemplo. Né não?