Se der tudo certo e a decisão do prefeito Rafael Greca de eliminar o emprego dos 5 mil cobradores de ônibus de Curitiba, substituindo-os pela bilhetagem eletrônica, o sistema do transporte coletivo pode economizar R$ 130 milhões por ano em salários. Este valor corresponde a cerca de 15% no cálculo que define a tarifa paga pelos passageiros, atualmente de R$ 4,25.
Para quem vai fazer bem esta economia? Este é um aspecto que não tem sido discutido nem pela prefeitura, nem pela Urbs, nem pelos empresários, nem pelo sindicato dos trabalhadores, nem pelos fóruns que representam os usuários. Discute-se, apenas (o que não deixa de ser importante, claro), a questão da ameaça de desemprego da categoria. E, em nome disto, abriu-se uma falsa polêmica sobre se o transporte coletivo deve ou não ser modernizado com máquinas eletrônicas no lugar da mão-de-obra humana.
O problema é bem outro – a quem, de fato, aproveita a economia de 15%?
- Serão beneficiados os passageiros, que em vez de pagar os escorchantes R$ 4,25 passarão a pagar 65 centavos a menos? Isto é, a tarifa vai baixar para R$ 3,60?
- As empresas vão incorporar esta economia aos seus lucros? Vão empregar R$ 130 milhões todos os anos daqui pra frente para manter a bilhetagem eletrônica? Não é demais?
- A prefeitura vai se fingir de morta e manter a passagem nos mesmos R$ 4,25 visando a se livrar de pagar subsídios (diretos ou indiretos) às empresas?
Alguém precisa tirar esse bode da sala e explicar direitinho para o distinto público.