(por Ruth Bolognese) – O pior e o melhor da política são as afirmações absolutamente idiotas, óbvias, previsíveis, incompreensíveis e impensadas que se repetem, todos os dias, nos noticiários.
O governador Beto Richa, por exemplo, disse hoje que está “absolutamente tranquilo” com o fato de seus três mosqueteiros – Deonilson Roldo, Ezequias Moreira e Ricardo Rached – irem depor na Polícia Federal sobre a Operação Quadro Negro.
Eis aí uma declaração previsível, óbvia e perigosa: estar tranquilo diante de uma acusação de desvio de R$ 20 milhões das escolas paranaenses para a campanha eleitoral é a certeza da impunidade.
Se dissesse “Não tô nem aí” seria menos elegante, mas mais de acordo com a linguagem da fidelidade entre comparsas. Se optasse pela realidade dos fatos, diria que “estou tentando me acalmar, mas está feia a coisa”.
E se fosse para sair pela tangente, repetiria com altivez a mesma frase de cunho bíblico que já usou no passado para justificar a permanência ao seu lado do mesmo Ezequias Moreira, o da célebre história da sogra: “eu não perdoo o pecado, mas perdoo o pecador”.
E, pelo jeito, o pecador continua pecando. E Beto perdoando.
Vai faltar quem conseguirá perdoar a turma do governador e a ele.