Pandora, segundo a mitologia grega, foi a primeira mulher criada por Zeus. A ela foi dado um jarro no qual estavam contidos todos os males do mundo. Ela abriu o jarro e as maldades se espalharam. Lá no fundo ficou presa apenas uma virtude – a esperança. A literatura trocou jarro por caixa e a lenda ficou conhecida como a “Caixa de Pandora”.
Parece que o ex-governador Beto Richa era dono também de uma caixa de Pandora, de onde já tinham escapado algumas maldades chamadas, por exemplo, de Quadro Negro, Publicano, Superagui, Integração, Odebrecht , PR-323, Deonilson etc.- todos eles nomes de investigados e de operações deflagradas por autoridades judiciais e policiais, como os ministérios públicos estadual e federal, a Polícia Federal, Receita, tribunais de primeira, segunda e última instância.
Agora, segundo revela a repórter Catarina Scortecci, correspondente da Gazeta do Povo em Brasília, a Procuradoria Geral da República (PGR) fuçou outra vez na Caixa de Pandora do ex-governador e de lá viu que tinham saído revelações acerca de relações não republicanas com a JBS, o grupo empresarial dos irmãos Joesley e Wesley, que passavam o tempo jorrando propinas para políticos que podiam ajudá-los em seus negócios bilionários.
Como Beto Richa e outros membros citados nas investigações já não detêm mandatos e, portanto, perderam o foro privilegiado, a PGR pediu ao ministro Edson Fachin que retire os inquéritos do guarda-chuvas do Supremo Tribunal Federal (STF) e os envie à primeira instância no Paraná. Caberá a Fachin avaliar se os casos devem ser encaminhados à Justiça Eleitoral ou à primeira instância das justiças comuns estadual ou federal – com possibilidade de que venham a cair com Sergio Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal.
Da primeira série de delações da JBS, homologada há quase um ano, fizeram parte citações a Beto Richa e também ao seu ex-chefe da Casa Civil e ex-deputado federal Eduardo Sciarra.
Os paranaenses torcem para que o estoque de maldades de Pandora já tenha se esgotado. Ou não.