As viagens secretas dos nossos governadores

(por Ruth Bolognese) – O mistério sempre rondou as viagens internacionais dos governadores do Paraná. O roteiro, os eventos e, principalmente, os acompanhantes ficam numa zona nebulosa, com uma ou outra fotografia divulgada, um certo hotel em Paris, caríssimo, um vinho mais caro ainda em Buenos Aires. Detalhes que só vêm à tona anos depois.

Quando o clima palaciano se tornava insuportável, Jaime Lerner apelava para uma viagem. E dois ou três dias antes, mesmo de corpo presente no Palácio, deixava a alma ir sozinha. A ansiedade era tanta que os mais próximos descreviam o Arquiteto como “um bebê de bunda assada”.

Mas pouco se soube dos detalhes dessas viagens, além do atropelamento por um ônibus numa rua de Londres, logo ele, e visitas à Renault e ao rio Sena em Paris. E, claro, tudo o que , segundo a oposição, Lerner e sua equipe trouxeram de ideias novas para implantar em Curitiba ao longo de 30 anos.

Alvaro Dias e Roberto Requião eram mais hards e tinham o hábito de convidar deputados para acompanhá-los. No caso de Alvaro, o eterno papagaio de pirata, deputado e enfermeiro José Filinto. No caso de Requião, o deputado Paulo Furiatti. E todos pareciam se divertir muito, tanto em Roma como em Moscou ou nos Países Baixos.

Requião, maior divulgador da Carta de Puebla no mundo, dedicada aos mais aflitos, chegou a ser fotografado uma vez num restaurante de Buenos Aires onde o preço do vinho consumido na mesa seria suficiente para dar sopão por um mês aos pobres de Curitiba.

Com Beto Richa não é diferente. A comitiva completa é sempre segredo, e já surgiram histórias de viagens, e até fotos, do bom companheiro, Maurício Fanini, que teria presenteado o governador com um Rolex que só pode ostentar aquele 1% de brasileiros que ficam com 55% de toda a renda do povo. Fanini, como se sabe, está preso à espera do Ministério Público Federal aceitar a delação premiada. Outra foto, desta vez no Líbano, num barco daqueles, Richa aparece ao lado daquele primo distante, Luiz Abi Antoun, atolado até as canelas com irregularidades.

E ficou pública a passagem do casal Richa e Fernanda no hotel Napoleon, um 5 estrelas pertinho do Arco do Triunfo, em Paris. A romântica estadia, de 2 dias, foi descrita pela Agência Estadual de Notícias como uma “parada técnica” da viagem a China, destino final da comitiva. A Justiça não entendeu assim e condenou o casal, em primeira instância, a devolver o dinheiro. O preço da diária no ninho do amor parisiense fica ente €$ 250 a €$ 1.476. Euros, Gente.

Nessa semana, Beto Richa e Cia. está entre a Alemanha e a Suiça.
Vai saber!