(por Ruth Bolognese) – A mais poderosa das mulheres brasileiras, dona Cármem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, STF, disse que se os brasileiros soubessem o que ela sabe, perderiam o sono de vez. Refere-se ao que viu e ouviu depois de visitar 15 presídios brasileiros. Todos eles dominados pelas gangues do tráfico.
Se dona Cármem Lúcia se dá ao luxo de dizer que conhece nossas mazelas mais do que nós mesmos, resvala para o princípio da arrogância. Os brasileiros podem não saber, mas convivem e se expõem à barbárie diária. Andam pelas ruas, brincam nas praças, vão à baladas e vivem, pressentindo que a violência está à espreita, pronta para explodir.
Os sinais são frequentes, alguns inacreditáveis e inéditos, como um bebê baleado e morto dentro da barriga da mãe no Rio de Janeiro. Ou um menino de 13 anos escondido embaixo da cama da cela de um estuprador no Piauí.
Entre uma cadeia sem a mínima de condição para não transformar um ladrão pé de chinelo num bandido comandado pelo tráfico e uma escola sem a mínima capacidade para ensinar e preparar, o Brasil está deixando de ser um País.
Dona Cármem Lúcia tem o privilégio de saber muito sobre o Brasil. Na posição em que se encontra, pode descer todos os degraus e chegar ao patamar mais desalojado dos direitos humanos. E, depois, ilesa, pode subir de volta, contemplar a visão ampla da barbárie e perder o sono.
Nós, brasileiros, permanecemos no chão.
Fico a me perguntar se o que a ministra sabe é do interesse publico ou somente da preocupação de Morfeu ?
Concordo com o negativismo da visão suave da escriba. Apenas, acrescento que me agride a exalação de arrogância da Carmen ao expor sua onisciência, pois esta, a onisciência, não condiz com a onipotência pressuposta ao cargo que ocupa e de quem, e do qual, a sociedade brasileira esperava atitudes pragmáticas e contundentes, relativamente ao cargo que ocupa, para começar a resolver os problemas históricos. Ao contrário, na administração dela é que vem se manifestando o esgarçamento acentuado do Poder Judiciário, desacreditando-o, em face de expectativas não concretizadas.
Saber sem propor nada para melhorar? Que se aposente e vá para casa né?