A alforria de Luislinda

Mesmo depois de ter desistido do pedido para receber dois salários – que somam mais de R$ 60 mil e que extrapola o testo constitucional de R$ 33  mil, a ministra Luislinda Valois ainda dá entrevistas para defender sua alforria financeira. À Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, ela falou:

“Gosto muito da verdade, é por isso que eu gosto da imprensa quando fala a verdade. É o meu direito de peticionar. Não agredi ninguém na minha petição. Recebo aposentadoria de um valor X. Mas recebo esse valor porque trabalhei mais de 50 anos trabalhando e pagando todas as minhas obrigações previdenciárias em dia, rigorosamente em dia.”

“Isso aí não se discute, porque é direito adquirido, é direito constitucional.”

“Depois, fui convidada para trabalhar aqui em Brasília, para trabalhar, não vim para passear. Depois, fui nomeada ministro de Estado dos Direitos Humanos. Eu moro em Brasília, moro aqui na 306 Sul, apartamento 202, onde estou hoje, feriado. Trabalho de segunda a segunda, mais de 12 horas por dia, e recebo um salário aproximado de menos de 3 mil reais.”

“É justo? O Brasil está sendo justo comigo?”

“O presidente da República, nem as autoridades atuais, não têm nenhuma culpa, nem as de outrora também.”

“Por que não se remunerar o trabalho? Eu repito, é o direito de peticionar. Eu peticionei, apenas citei (a escravidão) porque é um fato público e notócio. Todo mundo sabe como aconteceu a escravidão, não se tinha salário, nada.”

“Fiz alusão a um fato histórico. Agora, se querem, me condenar porque eu estou pedindo um salário, um vencimento, não é salário, que eu acho justo…”

“Meu Deus, eu quero saber quem é que senta aqui em Brasília para trabalhar como ministro e receber 2.700 reais. Eu tenho apartamento alugado aqui, onde eu pago condomínio de quase 1650 reais, não me lembro agora o valor exato. Então, não é justo que eu requeira?”

“Eu requeri. Sua Exelência autoridade julgadora vai deferir se achar que convém.”

“Eu coloquei (na petição ao governo) que o não pagamento de salário se assemelha (à escravidão). E como é que eu vou comer? Como é que vou beber? Como você vai se calçar?”

“Tenho (proventos de aposentada do TJ da Bahia) porque eu paguei rigorosamente, na forma da lei, as minhas obrigações previdenciárias.”

“Tenho que manter minha casa em Salvador, eu tenho que pagar IPTU, pessoal prá cuidar. Eu não moro em Salvador, eu moro aqui em Brasília. meus entes estão lá, eu tenho que manter.”

“Eu, como aposentada, podia vestir qualquer roupa, eu podia calçar uma sandália havaiana e sair pela rua. Mas, como ministra de Estado, eu não me permito andar dessa forma. Eu tenho uma representatividade.”

“Gente, eu só fiz um requerimento! Onde está o meu erro?”

“É o direito de peticionar, eu repito prá vocês. Eu estou aqui para aplicar a lei. Hoje não aplico mais, não sou mais desembargadora atuante, estou aposentada. Mas eu acho que é um direito que eu tenho porque eu trabalho.”

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