O Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) recebeu dezenas de pessoas nessa terçca-feira (21) para celebrar duas datas importantes: o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, data recém sancionada pelo Governo Federal.
A proposta do encontro foi do deputado Renato Freitas (PT), presidente da Comissão de Igualdade Racial da Assembleia. O parlamentar lembrou que o dia internacional pela eliminação da Discriminação Racial foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória da tragédia ocorrida na África do Sul, em 21 de março de 1960, no episódio registrado como o Massacre de Sharperville, quando 20 mil negros, que marchavam, pacificamente, numa manifestação de rua em defesa do direito de ir e vir, foram arduamente agredidos e massacrados pelo Exército racista sul-africano.
Fortalecimento
“É de muita importância aproveitarmos essa data conhecida internacionalmente de luta contra a discriminação, que surgiu de uma triste política de separação, apartheid, para que lembrar que, infelizmente no nosso pais ainda existe essa separação nas esferas de poder. Um momento muito importante para unir e fortalecer os movimentos e espaços de luta em que estamos presentes”, disse.
No dia de luta contra o preconceito, foi entregue ao filho da Yá Mukumby, Vitor Santos, Menção Honrosa destacando a trajetória, enquanto mulher, preta, filha, mãe e avó, como militante do Movimento Negro paranaense e, sobretudo no campo da religiosidade, como fundadora e Iyalorixá do Ilê Axé Ogum Megê, terreiro de candomblé da nação Angola, da Senhora Vilma Santos de Oliveira. Vitor falou sobre a homenagem à mãe que foi assassinada junto com a mãe e a neta. “Minha mãe deixou um legado, todos os dias, os pretos têm que estar em todos os espaços”, ressaltou.
O encontro contou com a presença da Yalorixá D´Ogum, Maria Angela de Jesus Silva, que iniciou sua vida espiritual na Umbanda, no ano de 1995. Dez anos depois abriu sua primeira casa de umbanda, onde se tornou referência na religião, em Curitiba e no Paraná. “Temos que entender a grande importância desta data que representa uma luta diária contra o preconceito de racial e religioso, só que vive na pele é que sabe”, finalizou.
Outra presença que recebeu alusão foi a professora Megg Rayara Gomes de Oliveira, primeira travesti preta doutora em Educação no Brasil, título obtido na Universidade Federal do Paraná (UFPR), instituição em que leciona nos setores de graduação e pós-graduação. Graduada em Desenho e com especialização em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Megg Rayara tem uma trajetória de fortalecimento do combate à homofobia dentro do meio acadêmico. Atualmente é professora adjunta da UFPR e uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da universidade, onde se dedica à pesquisa das relações raciais, da arte africana, da arte afro-brasileira, de gênero e diversidade sexual. A professora destacou a relação da violência contra a população LGBTQIA+. “Dados apontam que mais de 80% das travestis e mulheres transexuais assassinadas no Brasil são negras, a expectativa de vida da travesti negra no Brasil é de 27 anos”, aponta Megg.
O final do encontro foi marcado pelo espaço dado as vozes que estavam na plateia, que comemorou o primeiro encontro na Assembleia Legislativa.
Lei Nacional
A data, 21 de março, foi sancionada no Brasil e coincide com o marco escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para, anualmente, instalar uma rede intercontinental de conscientização pelo Dia Internacional contra a Discriminação Racial. (Foto: Orlando Kissner).