Em cerimônia transmitida pelo Youtube e pelo Facebook, o produtor cultural e historiador Maurício Appel recebeu na Associação Comercial do Paraná (ACP) a comenda Barão do Serro Azul. Appel foi o idealizador e produtor do filme “O Preço da Paz”, que conta a saga de Ildefonso Pereira Correia durante a Revolução Federalista que culminou com seu assassinato e de outras cinco pessoas proeminentes de Curitiba na década final do século 19.
O presidente da entidade, Camilo Turmina, lembrou que a premiação reverencia anualmente a memória do Barão, empresário visionário do século 19, fundador da ACP e único paranaense no panteão dos heróis da pátria. Turmina fez um paralelo entre três períodos de grandes dificuldades enfrentados ao longo dos 130 anos de existência da ACP e em que a inspiração na coragem e inteligência do barão foi fundamental para o enfrentamento dos obstáculos: a própria revolução federalista, a gripe espanhola há pouco mais de 100 anos e a atual pandemia do novo coronavirus. O dirigente agradeceu a Appel por sua determinação em, através da realização de “O Preço da Paz”, ajudar a eternizar o legado de Ildefonso Pereira Correia.
A coordenadora do Conselho de Cultura da ACP, Dislene A. Galdino de Freitas, exaltou a vida do barão e a obra de Maurício Appel, exemplo para empreendedores do Paraná. “Temos a honra, Maurício, de te reconhecer, agradecer e homenagear”. O vice-governador Darci Piana parabenizou a ACP pela escolha de Maurício Appel para a homenagem e se disse orgulhoso por, como presidente da Fecomércio, ter ajudado nas negociações para a captação de recursos que viabilizaram a conclusão da obra. O prefeito Rafael Greca, em vídeo exibido durante a cerimônia, destacou que, “dentre os nomes que a ACP poderia escolher para celebrar a memória do Barão do Azul, o nome do Maurício Appel, meu dileto amigo, é um dos mais indicados”. Em referência ao momento difícil da pandemia, apontou que “Appel é espiritualmente ligado à figura do Barão do Serro Azul, cuja trajetória será sempre motivadora de ânimo, esperança certa e de uma vontade determinada de sermos todos nós mais fortes dos que as dificuldades”.
Appel, em sua fala, relatou a trajetória, sua inspiração e as dificuldades enfrentadas no empreendimento que comandou para viabilizar o filme sobre o Barão do Serro Azul. “Cervantes, em sua obra D. Quixote, menciona que é preferível a estrada do que a estalagem, o caminho a percorrer do que a vergonha de não ter tentado. Quantos caminhos, subidas e descidas, quantas trilhas, quantas vivências”, destacou, “para chegar aqui. Não esperava isto, esta homenagem, pois é muito maior do que o prêmio de Gramado, porque a maior dificuldade é ser reconhecido na própria terra. Me sinto realizado em todos os sentidos, inclusive como vendedor, como comerciante. Sou nada mais do que um vendedor de sonhos”.
Maurício Appel iniciou as pesquisas e captação de recursos em 1996 para a produção executiva do filme “O preço da paz”. Com trilha sonora executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim, além de uma equipe de roteiro, direção e atuação impecáveis, o trabalho foi reconhecido nacionalmente, através da premiação de melhor filme pelo júri popular e melhor direção de arte e montagem no Festival de Gramado, em 2003. Em outubro do mesmo ano, realizou a avant premiere do filme no Teatro Guaíra, em parceria com a Associação Comercial do Paraná, com bilheteria destinada ao Hospital de Clínicas, com uma locomotiva a vapor funcionando em frente ao teatro.
Logo em janeiro de 2004, o filme conquistou o troféu Barroco de melhor filme pelo júri popular no festival de Tiradentes. Por conta da obra cinematográfica e de seus esforços, quatro anos mais tarde, o presidente Lula sancionou a lei n° 11.863, de 15/12/2008. O nome de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul,
foi inscrito no livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.
Maurício Appel continua a produzir e contribuir para a propagação e preservação da cultura paranaense. Atualmente, se dedica à comercialização de peças de antiguidade, à divulgação da memória de Ildefonso Pereira Correia, assim como, da vida e obra do escultor João Turin.