(por Ruth Bolognese) – O incêndio de São Paulo revelou duas situações estarrecedoras: são mais de 70 edifícios nestas condições espalhados pelo centro da maior cidade da América Latina. E os moradores chegam a pagar até R$ 400,00 para alugar um espaço nestas favelas verticais para máfias disfarçadas em movimentos sociais.
É o Brasil em que os tais poderes públicos, os Dórias e os Alckmins da vida, vem convivendo há anos mas não mostram, no afã de novas conquistas eleitorais.
No excelente documentário sobre a vida e morte de Robert Kennedy, que a Netflix está exibindo, um assessor dele relembra que ele, filho de uma família riquíssima dos EUA, ao tornar-se senador, começou a visitar as comunidades mais pobres dos Estados Unidos. E em toda sua trajetória, jamais culpou os pobres por serem pobres.
No Brasil, culpa-se. E no caso desta tragédia anunciada de São Paulo, é comum ouvir que aquelas pessoas jamais poderiam morar lá.
Como se fosse uma opção.
Não faço ideia do valor de um prédio desses no centro de São Paulo. Mas imagino que se tivesse sido vendido em leilão, daria para construir uma quantidade considerável de habitações populares sobre outro terreno mais afastado, via COHAB. E os R$ 400,00 por mês para morar num muquifo poderiam se transformar em prestações de uma moradia decente e própria.
Em tempo: terreno mais afastado, sim, mas próximo de infra estrutura de transporte, comércio, escolas e etc, e não como ocorre com muitos conjuntos do Minha Casa Minha Vida que existem por aí.