Com seu nome sugerido pelo ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha (investigado pela Lava Jato) e muito ligado ao ex-presidente José Sarney, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, é visto pela corporação como indicação política vinculada ao PMDB. Segóvia foi anunciado ontem por Michel Temer, após meses de indecisão quanto a tirar do cargo o delegado Leandro Daiello.
Daiello, que ocupava o posto desde o governo Dilma, era considerado como um dos fiadores da Lava Jato e tirá-lo da posição poderia (1) criar mal-estar entre procuradores do Ministério Público e juízes que atuam na Operação e (2) gerar desconfianças na opinião pública enquanto Temer ainda estivesse respondendo às denúncias da PGR de corrupção e obstrução à justiça. Vencida esta etapa, chegou a hora de dar o bilhete azul a Daiello.
Segundo apurou a Folha de S. Paulo, Padilha fez seu mais forte apelo para a escolha de Segóvia nas horas seguinte à Operação Tesouro Perdido, que encontrou cerca de R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
Interlocutores de Padilha afirmam que o ministro argumentava que era a hora de mudar o perfil da PF, comandada há quase sete anos por Leandro Daiello, e encarou o episódio que ligava a fortuna a Geddel como uma espécie de gota d’água.
A pressão do ministro da Casa Civil em prol de Segóvia irritou o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que inicialmente defendia o nome de Rogério Galloro – número dois da PF – para o cargo de Daiello.