O colunista Lauro Jardim, de O Globo, diz que o governador Beto Richa dava “ok” às propostas de ex-diretor da Educação Maurício Fanini para desviar recursos em favor da construtora Valor visando a fazer caixa para campanha eleitoral. Para dar esta informação, Jardim vale-se da delação do construtor Eduardo Lopes de Souza ao Ministério Público Federal e homologada há quase dois meses pelo ministro do STF Luiz Fux, já fartamente divulgada, no âmbito da Operação Quadro Negro.
A informação não é nova e, ao que tudo indica, é desprovida de provas. Há, sim, evidências de que aditivos que favoreciam a Valor – dando-lhe mais milhões de dinheiro público sem que as obras de construção de escolas avançassem – eram liberados com rapidez pelo governador. O que, não necessariamente, incrimina e comprova participação de Beto Richa no esquema.
A curiosidade agora é o que pode estar prestes a acontecer: a delação de Maurício Fanini, um catatau de dez anexos recheado de informações comprometedoras, está sob a lupa da procuradora-geral Raquel Dodge. Se estiver tudo nos conformes, o próximo passo é o envio a Luiz Fux para homologação.
Fanini está preso e o advogado dele, que conduziu a delação, Omar Geha, não adianta absolutamente nada sobre o conteúdo. Não há pistas sobre eventuais referências à participação de Beto Richa, mas é algo que não pode ser descartado.
A delação de Fanini encontra-se numa fila de outras importantes colaborações prestadas a investigações da PGR em outras operações, dentre as quais a do ex-ministro Antonio Palocci, na Lava Jato. Ao contrário do antecessor Rodrigo Janot, Dodge tem dado prioridade à qualidade das delações e das provas, e por isso não tem demonstrado pressa. A delação-bomba da Quadro Negro terá de esperar um pouco mais para vir a público.
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