Cunha apela ao papa

“Apesar de ser evangélico e não acreditar que o papa é o representante de Deus na Terra, tenho de me render ao ditado popular e, quando não se tem mais a quem recorrer, recorra ao bispo ou ao papa. Como o papa é mais graduado, ficarei com ele.”

O trecho é de uma carta-protesto assinada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Pinhais dese outubro, em que critica o ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato, por não ter levado a julgamento seu pedido de habeas corpus, enquanto que outros réus, como José Dirceu, obtiveram o benefício em pouco tempo.

Matéria publicada no site Congresso em Foco detalha a revolta de Cunha:

Por meio de uma carta intitulada “Recurso ao papa”, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) saiu em ofensiva contra o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). No texto escrito direto do Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde está preso desde o dia 19 de outubro do ano passado, o ex-parlamentar diz estar sendo vítima de obstrução ao seu direito de Justiça por parte do magistrado.

Cunha justifica que Fachin deixou de levar a julgamento pela Segunda Turma da Corte, responsável por casos da Lava Jato, pedidos de habeas corpus desde que, contra a vontade e o voto de Fachin, a turma liberou o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, em 2 de maio deste ano. O ex-deputado afirma que, ao não pautar nenhum HC na turma, Fachin age “como uma criança que perde e leva a sua bola para casa acabando com o jogo”.

Para ele, assim como foram concedidas liberdade a Dirceu, a irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, ao ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR), bem como outros envolvidos, como o primo de Aécio, Frederico Pacheco, além de Mendherson Souza, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), ele também deveria estar em liberdade. No final de junho, Fachin negou recurso no habeas corpus de Cunha, em pedido de liminar da defesa para libertar o ex-deputado.

Cunha também faz insinuações de que há ligações entre Fachin e os empresários Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, executivo da empresa. “Quando os senhores Joesley Batista e Ricardo Saud me procuraram para ajudar na aprovação do então candidato ao STF Edson Fachin, além da relação de amizade que declararam ter com ele, me passaram a convicção de que o país iria ganhar com a atuação de um ministro que daria a assistência jurisdicional de que a sociedade necessitava”, diz o ex-deputado em trecho da nota.

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