A teia de parentes e amigos enredados na Quadro Negro

Quando se lê com atenção a lista de réus e demais implicados na Operação Quadro Negro e nas outras conduzidas pelo Ministério Público Federal e pelo Gaeco descobre-se a existência de variados graus de proximidade entre eles. Do exame, surge uma intrincada teia de sócios, amigos, parentes e subordinados que agem de maneira coordenada, cada um cumprindo papeis específicos com maior ou menor importância. Daria para fazer um power point ao estilo Deltan Dallagnol.

Veja-se a lista dos já declarados réus da Quadro Negro: Beto Richa, Fernanda Richa, Luiz Abi Antoun, Ezequias Moreira, Jorge Atherino, Rafael Wawryniuk, João Gilberto Cominese Freire, Eduardo Lopes de Souza e Maurício Fanini. Quase todos eles são réus duas vezes na mesma ação penal, acusados ora por por corrupção e lavagem de dinheiro, ora por organização criminosa e obstrução de justiça, de acordo com o que acatou o juiz da 9.ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Bardelli Fischer.

Quanto aos dois primeiros – Beto e Fernanda – a relação é conjugal. O nome seguinte é de Luiz Abi, um primo, dito como distante, era o encarregado de gerenciar a arrecadação e destinação de dinheiro ilícito. Ezequias Moreira não é parente, mas a ligação com a família Richa remonta à década de 1970, quando ele já atuava como diligente faz-tudo do patriarca José Richa. A ele se dava a tarefa de recolher alguns valores.

Jorge Atherino e Beto Richa conheceram-se quando o ex-governador teve o primeiro registro em carteira (talvez o único) como empregado numa construtora. A ligação atravessou décadas, estreitada por sociedades empresariais em negócios imobiliários, principalmente loteamentos.

A mesma origem teve Maurício Fanini, o ex-diretor da Educação que foi o pivô da articulação que resultou no desvio para benefício do grupo de pelo menos R$ 20 milhões de verbas que deveriam (mas não foram) utilizadas para construção e reforma de escolas públicas. Também ele foi colega de turma de Beto Richa, tornou-se parceiro de jogos de tênis nas quadras do Country Club e companheiro de viagens internacionais de recreio. No fim, preso e com dificuldades de sobrevivência, Fanini optou pela delação premiada que pôs tudo a perder. Deve-se principalmente a ele a iluminação dos porões da Quadro Negro.

Fanini foi empregado na prefeitura de Curitiba, quando Richa, no começo dos anos 2000, foi vice-prefeito e secretário de Obras. Sua mesa de trabalho era próxima da de Eduardo Lopes de Souza, o engenheiro e empreiteiro que veio a se tornar dono da construtora Valor, a empresa contratada para a construção daquelas escolas, mas que recebia o dinheiro sem nada construir ou terminar e o repassava para o grupo.

No meio dessa teia, nota-se a presença de outras figuras que tiveram participação indireta, discreta mas também importante na operacionalização das coisas. Apareceram, sobretudo, quando se tornou necessário fazer um “abafa”, uma tentativa de calar Maurício Fanini. Jorge Atherino foi designado para cumprir esta tarefa: a ele competia repassar mesadas que garantissem a subsistência de Fanini em troca do seu silêncio. Depois, a função de fazer tais repasses passou para Beto Freire – rico empresário e amigo, sócio da operadora portuária Rocha Top, em Paranaguá, em cujo escritório Fanini também comparecia para receber mesadas.

Atherino também recrutou o genro Rafael Wawryniuk para cumprir a missão de também repassar importâncias a Maurício Fanini.

Em meio a esses citados nas denúncias e ações penais, há outros que ainda estão se dando relativamente bem, embora não estejam fora do alcance do Gaeco e do MPF.

Um deles é Gerson Nunes da Silva, ex-assessor do ex-deputado Valdir Rossoni, com que o dono da Valor, Eduardo Lopes de Souza, disse em sua delação premiada que era o homem com quem tratava de propinas. Rossoni não e mais deputado, mas Gerson continua funcionário da Assembleia: ocupa um cargo de R$ 17 mil na Diretoria Administrativa.

Outro é Daniel Maurício Kuhn, outro genro de Jorge Atherino. Com relação a ele nada consta, mas parecer ser sintomática a ligação de seu parentesco com Atherino com o fato de ter sido também contemplado com um cargo de Procurador na Assembleia, por nomeação do presidente Ademar Traiano, que também responde pela Quadro Negro no foro especial da Procuradoria Geral de Justiça.

11 COMENTÁRIOS

  1. Parabens à coluna pois explica em sua essência como funciona os porões do poder e também suas ramificações. Todo mundo junto e misturado onde tem uma teta para mamar. O Gerson é o mesmo que passava todo inicio do mês la na Cotrans para pegar o envelope pardo com a devolução do valor pago pelo aluguel de um veiculo para seu chefe o Valdir Rossoni. Este quando questionado sobre isso nunca sabe de nada mas eu sei muito bem desta maracutaia. E viva a republica de C

  2. Pelo jeito o fogo amigo e de muito perto ! Mas logo fica as digitais … o mal se paga com o mal … siga firme e trabalhe como sempre o fez porque vc é maior que este ciúmes …,

  3. Admiro a ignorância de pessoas que sequer entendem que estar ao lado de uma autoridade, configura uma “viajem a passeio.” Para que vossas ignorâncias sejam banidas, informo que trabalha-se e muito, é onde está o povo do Paraná … inveja é algo que repúdio e me causa náuseas …

  4. O Gerson é aquele que o compadre Traiano exibe nos vídeos de suas redes sociais, levando com nosso dinheiro para passear no interior ???
    Traiano diz com quem andas e te direis que tu és !!!

  5. E a farra continua….É só ver o Diário Oficial ! Tem órgão público que as nomeações são definidas por um Diretor que fez campanha abertamente para a Cida ! É acreditem Senhoras e Senhores o Diretor está dando as cartas ! Só fica quem ele quer….manda mais que o Secretario …..Parabens á “”” Nova forma de governar “”” ……Aonde está o Chefe da Casa Civil que permite isso ???

  6. E o Beto Tico Tico,sempre passando-se por bom moço,me recordo de algumas frases suas ao povo do nosso Paraná,a maquina está azeitada,o melhor está por vir,o cofre do estado está no azul,e quando começaram as denúncias e as delações,o primo era distante,perdoava o pecador mais não o pecado,não mecham com minha honra que é intocável,eu que mandei investigar quando soube dos desmandos,quanta hipocrisia e desfaçatez em uma só pessoa,qualquer adjetivo desqualificador para este cidadão hoje torna-se um grande elogio.

  7. O bicho (organização) está bem vivo, um câncer espalhado que não para de crescer, metastase, preocupante para sociedade. E o presidente da assembléia legislativa, deu guarida para pivôs deste escândalo, inconcebível o MP não pedir o afastamento dos envolvidos e nem sequer a comissão de ética do poder legislativo ficar muda e calada, aceitar passivamente sem vir a público prestar esclarecimentos, a imprensa: escrita e falada deveria estar fazendo plantão na casa do povo e cobrar da comissão de ética o afastamento de todos os envolvidos e citados

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