1986: Sarney convocava seus “fiscais”

Num dos mais desastrados planos para combater a inflação e estabilizar a economia, o presidente José Sarney lançou o Plano Cruzado e decidiu congelar os preços de todos os produtos e serviços. No dia 27 de fevereiro de 1986, foi à televisão para anunciar o congelamento dos preços de produtos e serviços e convocou a povo para ser seu fiscal. para combater a “indústria da remarcação”.

Criou a moeda “cruzado”. Congelou a taxa de câmbio por um ano. Os juros não podiam ser superiores a 12% ao ano. Dívidas antigas eram reduzidas por uma “tablita” como se não houvesse inflação passada. Por decreto, quis pôr fim à “indústria da remarcação” e convocou a população a fiscalizar o comércio. Foi categórico: ameaçou prender empresários que desobedecessem o congelamento.

Nada deu certo: produtos logo começaram a faltar nas prateleiras dos supermercados; a carne desapareceu dos açougues; cresceu o mercado negro de mercadorias… Frustrada a tentativa de revogar a “lei da oferta e da procura”, os preços altos voltaram a galope. Nos meses finais do seu governo, em 1989, a inflação andava pela casa dos 80% ao mês.

Uma coisa, porém, deu certo para Sarney: nas eleições de 1986, seu partido, o PMDB, elegeu 22 governadores e fez ampla maioria no Congresso e nas Assembleias. Estavam configurado o “estelionato eleitoral” e o fim do Plano Cruzado.