STF deixa para dia 22 julgamento de Meurer, primeiro reu da Lava Jato

O deputado federal paranaense Nelson Meurer (PP) ganhou mais uma semana para tentar se salvar da condenação como reu da primeira ação da Lava Jato julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar estava sendo pela 2.ª turma na sessão desta terça-feira, mas só houve tempo para debater as preliminares apresentadas pela defesa.

Nova sessão foi marcada para dia 22, quando os cinco ministros da turma julgarão o mérito da ação em que o deputado, com base em Francisco Beltrão, Sudoeste do Paraná, é acusado de ter recebido R$ 34 milhões em propinas da Petrobras ao longo de dez anos, caracterizando os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Dois filhos do parlamentar são também reus na mesma ação.

O jornal O Globo conta como Meurer recebia periodicamente mochilas de dinheiro, conforme relato de um delator:

No período áureo de funcionamento do esquema de corrupção da Petrobras, Rafael Ângulo Lopez, o operador do “money delivery”, o famoso serviço de entrega de propina em domicílio montado pelo doleiro Alberto Youssef, surgia em uma das portas da área de desembarque do Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba. Em meio ao pequeno grupo de pessoas que aguardavam a chegada de parentes e conhecidos, estava o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR).

Discreto, Meurer cumprimentava rapidamente Ângulo Lopez e os dois caminhavam até o estacionamento onde o filho do deputado aguardava dentro do carro. A cena parecia mais uma chegada de um viajante, como tantos que desembarcam no aeroporto todos os dias. Mas era mais do que isso. Mais uma entrega do “money delivery” estava em curso.

Tudo acontecia muito rapidamente. Ângulo Lopez entrava no veículo com uma mochila recheada por valores que variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil e, minutos depois, surgia no embarque do aeroporto de mãos abanando. “Os dois (Ângulo e Meurer) caminhavam até o estacionamento do aeroporto, Nelson Meurer no mais das vezes acompanhado do seu filho, no carro. Eles davam a volta no entorno do aeroporto, e Rafael era entregue novamente no embarque”, descreve Rafael Ângulo Lopez na delação.

A história está contada no acordo de delação que o entregador fechou com a Lava-Jato há alguns anos. Ela ajuda a explicar um pouco da personalidade peculiar do deputado de 76 anos, em seu sexto mandato na Câmara, que está agora prestes a entrar para a história como o primeiro político a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal por envolvimento no escândalo da Petrobras.

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