Sensação é de corrupção cada vez maior

 (do repórter Mario Cesar Carvalho para a Folha de S.Paulo) – ​Apesar de a Operação Lava Jato ter colocado na prisão políticos e empresários poderosos, a sensação de corrupção no país disparou no último ano, segundo pesquisa da Transparência Internacional. O Brasil perdeu 17 postos e passou do 79º lugar para a 96º posição e passou a figurar ao lado de países como a Zâmbia, a Colômbia e o Panamá, todos com 37 pontos. Com essa posição, o país fica atrás de Ruanda, Burkina Fasso, Timor Leste e Arábia Saudita

É a pior posição do Brasil desde 2012. Apesar de a pesquisa da Transparência Internacional existir desde 1996, os dados só são comparáveis estatisticamente desde aquele ano porque houve mudança de metodologia.

Os três países mais íntegros são a Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia, com 89, 88 e 85 pontos, respectivamente. O país mais corrupto é a Somália, com 9 pontos, à frente de Síria (14 pontos) e Sudão do Sul (12). No levantamento feito em 80 países, dois terços tiveram nota menor do que 50, o que, nos critérios da Transparência Internacional, significa que falharam no combate à corrupção.

Quanto maior a pontuação, menos corrupto é o país. A nota é dada a partir de uma série de levantamentos com entidades que fazem análises sobre o setor público brasileiro, como o Fórum Econômico Mundial e a Economist Intelligence Unit.

A pesquisa da TI, chamada de IPC (Índice de Percepção de Corrupção), é a mais respeitada e a mais utilizada no mundo sobre ética e negócios públicos.

Em 2014, quando começou a Lava Jato, o Brasil ocupava a 69ª posição, com 43 pontos. Desde então a percepção de corrupção do país só tem aumentado.

Essa deterioração da imagem não ocorre por acaso, segundo Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil: o fenômeno ocorre porque o país trouxe à tona um tsunami de negócios ilícitos entre grandes empresários e os governos, mas os parlamentares, muitos dos quais beneficiários desse esquema de suborno, não fizeram nada para alterar a ordem da propina. Ou, como diz a TI em comunicado à imprensa, “os fatores estruturais da corrupção nacional seguem inabalados”, já que não houve avanço de medidas de combate.

“Não houve em 2017 qualquer esboço de resposta sistêmica ao problema; ao contrário, a velha política que se aferra ao poder sabota qualquer intento neste sentido”, afirma Brandão no mesmo comunicado.

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