O contrato da prefeitura com as atuais concessionárias do transporte coletivo de Curitiba vai até 2025. Ou seja, no rigor da lei, a população teria de se conformar com o sistema que aí está. E do jeito que está são mínimas, quase inexistentes, as possibilidades de introduzir as melhorias reclamadas:
- passagem mais barata (e não esta, de R$ 4,25, a mais alta do país)
- maior rapidez, frequência e segurança
- modernização tecnológica dos veículos e das vias
Isto pode ter jeito se até lá (ou antes, se for possível) for implantado um novo modelo de gestão do transporte coletivo em substituição ao atual. Até agora, desde décadas, apenas duas forças normalmente aliadas mandam e desmandam no sistema – a prefeitura, por meio da Urbs, e as empresas de ônibus.
Os milhões de passageiros não têm voz nem poder. Vereadores, Ministério Público, Tribunal de Contas se ausentam das discussões – ou são vencidos por “motivo de força maior”. Somos todos reféns do que eles oferecem e de acordo com as conveniências políticas e empresariais, da prefeitura e das concessionárias.
Tem jeito de fazer diferente, como já descobriram há bastante tempo cidades do porte de Curitiba na Europa, onde se criaram fundos compartilhados e administrados por representantes de toda a sociedade: empresariado, sindicatos patronais e de trabalhadores, associações comunitárias, órgãos de controle e fiscalização…
Todos os cidadãos se cotizam para sustentar o transporte – assim como se faz, por exemplo, em Curitiba ou em qualquer cidade brasileira, com a iluminação pública. Todos pagamos uma taxa de iluminação (está embutida na conta da luz) e todos usufruem “de graça” da luz que ilumina praças e ruas.
Por que não um fundo administrado pela sociedade para gerir o transporte? Bem administrado e partilhado por todos os interessados é possível melhorar o sistema e torná-lo mais moderno, mais barato e mais eficiente.
Não é utopia. Já existe isto.
(leia também Só comprar ônibus novo não resolve)
Interessante a sua avaliação Celso. Porém, há de se lembrar que existem projetos na Câmara que visam mudar a forma de cobrança das empresas, através do pagamento por quilômetro rodado e não por passageiro transportado como era antes da licitação e é mais justo e inteligente que o modelo atual. Existe também o Bilhete Único que vai mudar a forma como os usuários usam o sistema, utilizando quantas vezes quiser num período de tempo, os dois do vereador Bruno Pessuti e que estão prontos para serem votados. As propostas estão surgindo, e claro que ainda temos muitas outras coisas a melhorar, mas adiantará a Câmara aprovar estes projetos? Será que a tanto a Prefeitura quanto a Urbs irão colocá-los em prática?
Quanto à sua ideia de ter um fundo compartilhado é muito interessante, mas antes de tudo, temos de lembrar que precisamos de mais transparência no setor. Tanto na arrecadação, quanto nos custos e utilização das verbas. Não podemos ficar reféns de um sistema precário que a cada dia fica mais caro e pior. Muito interessante levantar estes pontos. Só gostaria que escrevesse um pouco mais sobre a atuação de nossa política municipal em relação aos transportes!
Em tempo : a passagem em Curitiba é mais cara do que em cidades como Barcelona e Roma, por exemplo.
Mas não vai acontecer nada. Igual aos absurdos contratos de pedagio do Lerner.
Contratos são escritos em papel, e podem ser rasgados a qualquer momento, se isso for em benefício do interesse público. O problema, como sempre, é que o judiciário embola tudo e acaba dando ganho de causa às grandes empresas. Por bem, nada vai andar neste Brasil.