É cada vez mais forte a insistência de alguns cônegos e bispos do tucanato paranaense para que o cardeal Beto Richa abandone o mais rapidamente possível o sonho de se candidatar a senador. Principalmente agora que ele e o PSDB foram colocados para fora da aliança pela reeleição da governadora Cida Borghetti (PP).
Seus acólitos não pensam que Beto perca a eleição se teimar em disputar o Senado, ainda que como “avulso” – isto é, sem ligação oficial com um candidato a governador. Ele está bem posicionado nas pesquisas, terá tempo exclusivo na televisão, mantém a simpatia de inúmeros prefeitos e lideranças regionais, recursos financeiros suficientes para bancar com folga a campanha e os concorrentes são mais fracos do que ele – à exceção de Roberto Requião.
A questão é outra: os conselheiros tucanos estão pensando em seus próprios umbigos. Eles sabem que se Beto Richa for candidato será a vidraça perfeita para que adversários o apedrejem constantemente, durante toda a campanha, com lembranças desagradáveis – como as operações Quadro Negro, Publicano, Voldemort, Superagui, Integração… – sem esquecer que no meio do caminho podem também surgir decisões judiciais que o coloquem em maus lençois.
As pedras fatalmente contaminarão os candidatos tucanos às eleições proporcionais de deputado estadual e federal, que correm perigo pelo simples fato de que não mais contarão com o poder de fogo da campanha da governadora, bem azeitada pelo comando que detém da máquina. Na prática, dependeriam muito de ser “puxados” pelo enfraquecido e isolado candidato a senador.
Melhor proteger a vidraça, tirando-a o quanto mais longe possível do alcance das pedradas diretas e indiretas. E o modo mais eficaz para conseguir este objetivo é misturar Beto Richa entre os muitos candidatos a deputado federal do partido. Além de sair da linha de tiro, como candidato a deputado, Beto tem condições de fazer enorme votação no estado – talvez um recorde ainda não batido no passado.
Tal qual um Tiririca que, na eleição passada, em São Paulo, elegeu a si próprio e levou de carona mais três candidatos à Câmara Federal, Richa candidato a deputado pode garantir a (re)eleição de mais alguns tucanos.
Com 6 milhões de votos válidos e 30 cadeiras na Câmara, cada vaga de deputado paranaense equivale a cerca de 180 mil votos. Assim, se quiser manter uma bancada do mesmo tamanho da que elegeu em 2014, isto é, três deputados (Rossoni, Hauly e Kaefer), o conjunto de candidatos do PSDB precisará reunir pelo menos 600 mil votos.
Com Beto na chapa de deputado, muito bem votado, quase anônimo e mais longe das pedradas, os tucanos acreditam que o partido pode até ampliar sua bancada federal para quatro membros.
Ele quer foro, o cargo de deputado é do partido, ele é cacique do partido, logo a questão Tostines é: ele se elege levando junto a camarilha ou a camarilha se elege e leva ele junto?
Bah então estamos em um mato sem cachorro conforme o Oto, se o playboy sair tem chances de ganhar e se resolver sair candidato a federal trás nas costas o pilantra do Rossoni. Se correr o bicho pega se ficar o bicho come.
Não há o que temer. Beto será senador com os dois pés nas costas e as mãos amarradas. Ele é feito sob medida para o eleitorado do Moronhão e da República de Curitiba. É bem nascido, se veste bem, é casado com uma dama de boa cêpa, veste roupas de grife, finge que fala inglês e é amigo de Aécio e Alckmin. E é do PSDB. Precisa desenhar?
Os candidatos a Deputado Federal do PSDB que querem Richa Federal são :
Mounir Chaowiche e Valdir Rossoni.