Ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a magistrada Eliana Calmon tem opinião formada e firme: a Lava Jato nunca vai pegar e punir juízes, nunca vai chegar ao Judiciário. Baiana, aposentada, conhecida como “boca dura” e corajosa, ela afirma que denúncias de corrupção de juízes ou no Judiciário nunca serão acatadas pelos advogados que trabalham para clientes que se socorrem de delações premiadas.
Segundo raciocina, advogado nenhum quer “ficar mal” com juízes e, por isso, nunca aparecem nomes ou situações que impliquem em investigações ou punição para magistrados.
Eliana se recorda dos tempos em que foi presidente do CNJ, órgão que tem por missão constitucional controlar a atuação administrativa e financeira do Judiciário, fiscalizar a conduta e, caso tenha notícia de irregularidades, instaurar processos e decretar a aposentadoria compulsória de juízes.
Foi o que ela fez com rigor durante sua gestão. Pegou muitos magistrados – incluindo um do Paraná – cuja renda não permitiria que tivessem acumulado patrimônios assombrosos. Mesmo assim poucos foram punidos. Internamente, ela ouvia: “a Constituição não permite investigar juízes”.