A negação do passado

(por Ruth Bolognese) – Volta-se ao assunto para deixar claro: uma das atitudes mais estúpidas de uma sociedade é a tentativa de apagar o que já passou. A mais frequente é feita por políticos em busca do que fazer, como a cassação do título de cidadão honorário concedido pela Câmara de Vereadores de Curitiba ao ex-ministro Paulo Bernardo. A autora da bobagem é a vereadora Katia Dittrich, do Solidariedade.

Nos velhos tempos da URSS e da China, os mandatários mandavam apagar a imagem de ex-aliados nas fotos oficiais. Tem gente que, se pudesse, queimava as fotos das ombreiras-ostentação e dos cabelos cacheados dos anos 80. As curitibanas dariam um dedo para se livrarem das imagens com aqueles topetes duros na cabeça, dos anos 90. Ou, pior, do corte arrepiado a lá Chitãozinho de 2000 e lá vai pedrada. E todos com razões de sobra para o repúdio.

Só que faz parte, tanto do ponto de vista pessoal como institucional. E parte daquele momento específico da história. Apagar , mais do que renegar, é negar ao futuro os exemplos, bons ou ruins, do passado. O título oficial concedido a um personagem – tentaram com ex-ministro Zé Dirceu também, só que na Assembleia Legislativa – pertence a outro momento, que todos viveram e a atitude mais sensata é deixar quieto.

E que esses vereadores procurem temas mais importantes para a cidade do que ficarem patrocinando tanta estupidez.

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