Foi só caixa 2, diz Atherino no interrogatório da Operação Piloto

No interrogatório de 12 minutos e 30 segundos a que respondeu perante o juiz federal encarregado de julgar os réus da Operação Piloto, o empresário Jorge Atherino pronunciou 29 vezes a palavra “não”. Não conhece os outros réus (com exceção de Deonilson Roldo); não foi a São Paulo mais de uma vez para receber dinheiro pago pela construtora Odebrecht; não participou de nenhuma tratativa para fraudar a licitação da PR-323; não são verdadeiras as acusações de corrupção e lavagem que o Ministério Público Federal faz contra ele; não usou em negócios próprios nenhum valor que ajudou a arrecadar para a campanha de reeleição de Beto Richa. E assim por diante.

O pagamento de R$ 4 milhões (ou R$ 3,5 milhões, em outras versões) foi, porém, admitido por Jorge Atherino, que sabia que o valor entraria como contribuição da Odebrecht para o caixa 2 de campanha do PSDB. Sua resposta corroborou afirmações de executivos da empreiteira, igualmente réus da Operações Piloto.

Atherino virou réu na Operação Piloto como decorrência das investigações do MPF sobre o pagamento de propinas a políticos e agentes públicos do Paraná pela empreiteira para garantir ser a vencedora da licitação para duplicar (e depois explorar o pedágio) da PR-323 – rodovia de 220 quilômetros que liga Maringá a Francisco Alves, no Noroeste.

Empresário do ramo imobiliário, Jorge Atherino cumpriu 20 dias de prisão preventiva antes de ser beneficiado por um habeas corpus concedido no dia 11 do mês passado. Sua prisão ocorreu no mesmo dia em que o ex-governador Beto Richa foi recolhido também ao Complexo Médico Penal de Pinhais.

Juntamente com o ex-chefe de Gabinete de Beto Richa Deonilson Roldo e ex-diretores da Odebrecht, Atherino participou da segunda rodada de interrogatórios convocada pelo juiz federal Paulo Sérgio Ribeiro, da 23.ª Vara Criminal de Curitiba, realizados terça e quarta-feira (dias 7 e 8) na Justiça Federal. Concluída esta fase, as defesas poderão fazer alegações finais antes de o juiz fazer a sentença.

1 COMENTÁRIO

  1. Algum tempo todos os crimes eram negados, bastou o STF transformar em caixa dois como crime irrelevante, agora falam de boca cheia que apenas praticavam “caixa dois”. Lógico que seus patrimonios pessoais eram abençoados e multiplicados pelo efeito do caixa dois. É importante observar que caixa dois é lavagem de dinheiro….recursos da educação de estradas, da segurança pago pelo contribuinte, impostos e desviados como caixa dois de grupos que emitiam a fatura nos contratos e maquiagens diversas. São verdadeiros Gangster do crime organizado, fraude contra o patrimônio, independente da nomenclatura eufemistica que atribuam.

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