Filho leva o MPF a fazer nova denúncia contra Beto

Foi o filho André Richa que deu aos procuradores do Ministério Público Federal elementos para que o pai, o ex-governador Beto Richa, fosse denunciado também por crime de lavagem de dinheiro – um acréscimo às acusações de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à justiça que levaram o juiz Paulo Ribeiro decretar sua prisão preventiva, cumprida na última sexta-feira (25).

Em depoimento ao MPF, André, que figura como sócio da empresa da família Ocaporã Administradora de Bens,  revelou que o contador Dirceu Pupo Ferreira (também preso) prestava contas frequentes sobre o andamento dos negócios à sua mãe, Fernanda, ao seu irmão Marcello e também ao pai Beto Richa, embora este não figure formalmente do quadro societário.

Os promotores logo depreenderam que o ex-governador tinha conhecimento quanto à forma com que eram adquiridos imóveis. Entrou aí a teoria do “domínio do fato”, mesmo princípio usado pelo ministro aposentado Joaquim Barbosa para condenar 39 graúdos envolvidos no mensalão do PT.

O caso que deu origem à nova denúncia foi o da compra de lotes no condomínio de luxo Beau Rivage, no valor total de R$ 1.930.000,00. Dois lotes de propriedade da família em outro condomínio, o Alphaville, foram entregues à incorporadora como parte do pagamento, complementado com R$ 930 mil em dinheiro vivo.

Os lotes comprados no Beau Rivage, no entanto, foram escriturados por valor menor, configurando a ocultação de capital – mais conhecida como lavagem.

O diálogo de André Richa com o promotor do Ministério Público Federal foi assim transcrito na petição contendo a denúncia por lavagem contra Beto Richa e Dirceu, além do próprio André:

Promotor: A sua mãe é sócia dessas empresas?

André: Sim.

Promotor: Qual é o papel dela nessas empresas?

André: Nenhum. Ela não atua nas empresas. Não faz nada.

Promotor: Ela não decide nada sobre essas decisões estratégicas de compra e venda, nem opina?

André: Não.

Promotor: O seu pai?

André: Talvez. Se fosse, seria ele.

Promotor: Ele que seria a principal pessoa com quem o Pupo conversa?

André: Acredito que sim.

Promotor: Ele figura como sócio nessas empresas?

André: Não.

Promotor: E por que essa prestação de contas ou essa tomada de decisões é feita com ele e não com os sócios?

André: Não, a prestação de contas é feita com os sócios.

Promotor: Também. Mas por que com ele, se ele não integra?

André: Não sei. Não saberia lhe dizer.

A íntegra da denúncia é a seguinte:

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