Bolsonaro diz que garimpeiros eram felizes no tempo do Figueiredo

Ao conversar nesta terça-feira (1) com um grupo de garimpeiros na portaria do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que o interesse externo na Amazônia  é exclusivamente no minério da região. O presidente voltou a criticar a atuação de ONGs na região. “O interesse da Amazônia não é no índio nem na porra da árvore. É no minério”, disse o presidente. Ele também disse que “há mais de 30 anos, desde quando cheguei ao parlamento, em 1991, sei que vocês brigam por isso. Vocês foram felizes no tempo do [presidente João Batista] Figueiredo. A legislação era outra, era outra. E eu tenho que cumprir a lei”.

Os garimpeiros da região de Serra Pelada, no sul do Pará, foram até o Planalto para pedir a Bolsonaro que coloque as Forças Armadas na região com o objetivo de garantir a exploração da área demarcada desde o período da ditadura militar. Os garimpeiros afirmam que a empresa Vale explora minério na área demarcada e que há “infiltração” de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entre entidades que atuam na região.

O presidente garantiu aos garimpeiros que formará um grupo de trabalho para estudar a área e, se houver amparo legal, colocará as Forças Armadas   para atuar na região. “Se tiver amparo legal, eu boto as forças armadas lá”, mencionou, ao discursar em cima de uma cadeira, em frente à guarita de acesso ao estacionamento do Palácio do Planalto. “Chamei o ministro de Minas e Energia, Almirante Bento [Albuquerque], que vai continuar agora, com a Agência Brasileira de Mineração, buscar alternativas. Se tiver alternativa, a gente vai até o final da linha”, disse Bolsonaro.

“Tenho que cumprir a lei. Digo para vocês, se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá. Não vou prometer para vocês porque não posso”, disse.

Bolsonaro ainda atacou a empresa Vale que, segundo ele, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, “abocanhou” o direito minerário no Brasil. “A gente conhece o potencial do Brasil, Roraima, Sul do Pará. Eu sei como a Vale do Rio Doce abocanhou, no governo do FHC, o direito minerário no Brasil. Um crime. Um crime que aconteceu”, disse o presidente aos garimpeiros.

Os garimpeiros acusam a empresa, que tem uma área de exploração mineral próxima à Serra Pelada, de explorar minério na área demarcada para o garimpo. Segundo um dos líderes, a empresa estaria cavando no subsolo da área dos garimpeiros.

O líder do grupo, Jonas Andrade, que minutos antes chegou a conversar com o presidente Bolsonaro, no gabinete, junto com mais quatro lideranças, e disse que a empresa cava túneis e manda o ouro para a China, misturado com terra e sem prestar contas ao governo.

“Temos uma área demarcada que foi doada pelo presidente João Baptista Figueiredo. A Companhia Vale do Rio Doce recebeu 70 milhões de dólares para sair de lá. Só que ela saiu mas está bem do lado, fazendo um buraco lá, que chama projeto Serra Leste. E está mandando para fora do Brasil falando que é ferro, só que ela está levando é ouro. E não está sendo prestado conta. A Vale do Rio Doce coloca nos vagões terra, vai para o porto e vai direto para China”, denunciou o garimpeiro.

 

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