Beto Richa pode ter mil defeitos como gestor público, mas tem uma virtude pessoal que o torna exemplar: é amigo dos amigos, devotando-lhes extrema fidelidade e procurando ajudá-los no que pode. Só mesmo quando esses amigos se tornam incômodos demais é que livra deles. Mais: até esquece do passado que um dia os aproximou.
- o primo viro distante só depois que caiu na malha das Operações Voldemort e Publicano;
- do ex-diretor do DER só tinha boas informações desde que Beto o nomeou para uma diretoria da secretaria municipal de Obras quando era vice-prefeito de Curitiba, há 16 anos. E só o exonerou, a contra-gosto, quando o Ministério Público o acusou de malfeitos na área das concessionárias de rodovias;
- outro amigo de longa data teve melhor sorte: chamou-o de pecador, mas em seguida o perdoou e lhe deu cargos mais altos e protetores no governo;
- o companheiro de tênis e viagens, de quem foi colega de faculdade e a quem também tinha nomeado na prefeitura e depois no governo, foi largado ao leu e só está preso porque, indignado, Beto mandou a polícia investigar desvio de verbas na educação;
- co-piloto de provas automobilísticas foi, de repente, preso e condenado sob acusação de desvio de verbas da Receita Estadual; não se fala mais nele.
Enfim, ingênuo e de bom coração, Beto Richa se cerca de amigos ingratos, que traem sua confiança e o colocam em má situação.
Felizmente, de vez em quando instituições externas percebem que o governador está prestes a cometer outro erro nas suas escolhas e o impedem de ir adiante.
Ainda nesta quarta-feira (7) soube-se que a poderosa Comissão de Valores Mobiliários (CVM) evitou a quíntupla nomeação de mais amigos do governador para cargos que eles não podiam assumir. Bem que Beto Richa tentou e esses amigos não podem reclamar, mas conforme revelou o repórter João Frey na Gazeta do Povo, o governador foi salvo pelo gongo da CVM quando estava prestes a nomear para funções na Copel os secretários-amigos Mauro Ricardo e Deonilson Roldo, o controlador geral Carlos Eduardo Moura, um deputado federal e um correligionário do PSDB.
A CVM avisou o governador que a nomeação dos cinco amigos seria uma violação à Lei das Estatais, que veda a nomeação de secretários, parlamentares e dirigentes partidários. O presidente da CVM disse que a nomeação seria um “contrassenso”.
Quequé (como é chamado pela Dona Fernanda Richa Vieira) é o querido Ezequias Moreira.
Hoje Secretário de Cerimonial e homem que devolveu o dinheiro pago em salários para a querida sogra fantasma na Assembleia Legislativa do Paraná.
Amigo é amigo.
E todo mundo esqueceu que o primo distante estava no helicóptero PP-JFR que fez o pouso de emergência com o Richa em 2011 , quando eles estavam voltando de uma reunião no banco Btg Pactual.