Com um terno em tecido jeans e na lapela um distintivo tricolor do antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do qual se desligou para fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Leonel Brizola chegou ao aeroporto de Foz do Iguaçu às 17h25 do dia 6 de setembro de 1979, para encerrar o mais longo exílio já vivido por um político brasileiro. Ele desceu de um bimotor Piper de oito lugares que o trazia de Assunção e atravessou a pista acenando alegremente. O ex-governador Brizola falou pouco e de forma cautelosa na sua volta.
Seu retorno só ficou assegurado duas horas antes do pouso que o trouxe de Assunção por um recado telefônico de Brasília que mandou riscar seu nome da lista de indesejáveis do computador da Polícia Federal, onde ainda figurava apesar da lei da anistia, assinada oito dias antes pelo presidente João Figueiredo, o último do regime milita. O visto de entrada saiu em um minuto.
Entre os passageiros do aviãozinho que desceu no aeroporto de Foz do Iguaçu há 38 anos, estava um jovem curitibano que, também no exílio, conheceu Brizola na Europa e dele se tornou amigo, admirador e assessor – José Carlos Mendes. Mendes cursava Ciências Políticas na Universidade de Amsterdam no início da década de 70, auge dos “anos de chumbo”, quando Brizola cruzou em seu caminho para não mais se separarem.