Desmatadores doam para deputados federais

Mais da metade dos deputados federais eleitos para a atual legislatura recebeu financiamento de doadores que estão na lista de autuados do Ibama. Dos 513 eleitos, 249 receberam um total de R$ 58,9 milhões em doações oficiais de empresas e pessoas que desmataram e queimaram florestas, entre outros crimes e infrações ambientais. O valor inclui contribuições diretas e indiretas — quando o dinheiro passa pelo comitê ou diretório do partido.

De acordo com levantamento feito pela ong Repórter Brasil, dedicada a identificar e tornar públicas situações que ferem danos socioambientais no Brasil, dois deputados do Paraná, Nelson Meurer e Dilceu Sperafico (fotos), figuram entre os cinco maiores beneficiários de doações de empresas classificadas como desmatadoras. Os dois parlamentares receberam um total de R$ 2,2 milhões para financiar suas campanhas de 2016.

Receber essas doações não é crime, nem é vedado pela Justiça Eleitoral. Mas a grande proporção de financiadores-infratores chama atenção, em especial quando se trata de uma legislatura que aprovou projetos criticados por seus impactos ao meio ambiente. Caso da “MP da Grilagem”, como ficou conhecida a medida provisória que facilita a regularização de áreas públicas invadidas. Assim como das votações que reduziram a proteção da Floresta Nacional do Jamanxim e de dois parques nacionais.

Os doadores autuados são, no total, 92 empresas e 40 pessoas físicas. Os dados têm como fonte as declarações dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral e a lista de autuados do Ibama em novembro de 2017. Os dados foram cruzados pelo Ruralômetro, ferramenta produzida pela Repórter Brasil que permite monitorar a atuação de cada deputado em áreas sensíveis ao meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais.

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