A Câmara Municipal de Curitiba aprovou por unanimidade, o requerimento do vereador Dalton Borba (PDT), com a indicação para que a Secretaria Municipal de Saúde do município, elabore um protocolo para acompanhamento da saúde mental dos profissionais da saúde, a ser utilizado no pós-pandemia.
Esse tema foi debatido no seminário “ a saúde pede ajuda” promovido pelo vereador Dalton Borba, no início do mês, na câmara municipal. Médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, e representantes de entidades de classe como: Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PR), Sindicato dos Servidores Municipais da Enfermagem (Sismec), Sindicato dos Empregados em estabelecimentos de serviços de saúde, (SINDESC PR) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) participaram do evento que discutiu também a saúde mental dos profissionais da saúde, frente a maior crise sanitária provocada pela pandemia da Covid 19.
A presidente do sindicato dos servidores da enfermagem de Curitiba, Raquel da Silva Padilha, enfatizou que é a enfermagem que fica 24 horas junto com o paciente, que conhece de perto a intimidade desse paciente, seus medos e o que espera do futuro, quando se recuperar da doença. As mulheres representam 90% da categoria, são mulheres chefes de família, com filhos e afazeres domésticos para cuidar, e essas dificuldades enfrentadas no trabalho se acentuam ainda mais, segundo Raquel Padilha. “Os profissionais da enfermagem estão exaustos, com problemas psicológicos. Os equipamentos de segurança são inadequados, não há testagem, faltam medicamentos, materiais, oxigênio, recursos humanos, sobra dor e tristeza, sobram pacientes e faltam investimentos e vacinas, precisamos de maior atenção ”, concluiu.
A preocupação com a saúde mental dos profissionais da enfermagem também foi tema da exposição da presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná, Rita Sandra Franz. “ Somos 115 mil profissionais no Paraná, 30 mil só em Curitiba, não há reconhecimento financeiro e nem social, o salário é injusto e ainda não estão recebendo os 40% de insalubridade. Há um crescimento das doenças psiquiátricas e físicas, muitos enfrentam a fragilidade emocional e física, temos que cobrar reconhecimento e medidas das autoridades”, finalizou.
O médico e presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Roberto Issamu Yosida, destacou numa parte de sua apresentação, a instabilidade emocional dos profissionais da área médica que atuam na linha de frente do combate a pandemia. Ao final da sua exposição, fez menção aos 56 médicos que morreram no Estado em decorrência da pandemia, e destacou o elevado nível de stress que esses profissionais estão enfrentando. “É muito desgastante ouvir as últimas palavras e receber o último olhar do paciente”, declarou o médico muito emocionado.
A médica psiquiatra Cláudia Paola Carrasco Aguiar, diretora do sindicato dos médicos do Estado do Paraná, detalhou também como a pandemia está abalando os profissionais da saúde. “Estamos num cenário de guerra que vai deixar sequelas emocionais, é o peso de se passar por uma pandemia, vamos ter sempre essa lembrança pesada. Os profissionais da saúde estão com esgotamento físico e mental, sofrimento intenso, com crises de pânico que se prologam há mais de um ano. Estar lá no último momento de um paciente e saber que poderia fazer melhor se tivesse mais recursos e equipamentos, gera angustia. Eu sou psiquiatra, e atendo colegas da linha de frente, e muitos estão com depressão”.