A prefeitura de Curitiba acaba de lançar edital para contratar empresas de coleta, limpeza urbana e destinação de lixo. Para as que vencerem a licitação a prefeitura está disposta a pagar R$ 1 bilhão por um contrato de cinco anos. Isto é, R$ 200 milhões por ano.
O modelo continua exatamente igual ao que é hoje – isto é, ultrapassado e despreocupado em alcançar novos patamares tecnológicos e ambientalmente mais eficazes. Como sempre, caminhões rodarão a cidade recolhendo o lixo deixado nas calçadas, sejam orgânicos ou recicláveis, para levar para um aterro sanitário a 50 quilômetros de distância ou a alguma das precárias usinas de reaproveitamento.
Projetos que previam a modernização do sistema – mesmo aquele de 2008 que previa a implantação de uma caríssima unidade industrial de processamento do lixo, ou o último, mais simples, projetado por técnicos do Banco Mundial por encomenda do ex-prefeito Gustavo Fruet – foram jogados no lixo.
Curitiba, que já foi chamada de “cidade ecológica”, mantém-se igual ao que era já há meio século. O aterro apenas mudou de lugar: começou no bairro da Lamenha Pequena, depois foi para o nefasto lixão do Caximba e, desde 2010, funciona no município vizinho de Fazenda Rio Grande – menos poluente, mas ainda assim um aterro.
A mudança mais significativa na política de lixo da gestão de Rafael Greca está na extensão da cobrança da taxa de coleta para os pobres das periferias, que antes estavam isentos. A ideia é arrecadar mais das famílias carentes para a prefeitura poder pagar em dia as gigantes empresas do setor.
A abertura dos envelopes será em setembro, um mês antes do fim do contrato com o grupo Estre/Cavo, que tem como sócio o Banco BTG.
Dizer que é retrocesso é pleonasmo, ultrapassado etc. Os efeitos danosos destes lixos descartados e, pasmem, ENTERRADO, atingindo com o chorume lenções freatícos etc. Quando já tem lei específica desde 2010, indicando a destinação correta do lixo para usinas de transformação. O nosso prefeito “inovador”, tenta a todo custo ter sua marca própria, com projetos exclusivos, e no entanto, perde a oportunidade naquilo que é essencial: de poder provar que tem capacidade e competência em dar destino correto ao “lixo”. Teriamos também de refletir sobre a origem e os principais responsáveis pelo volume, e geração do material que será descartado, para que se possam atribuir obrigações às empresas poluentes de forma reversa. O que se percebe é o consumidor sendo lesado, visto que paga no produto, também pelo material que será descartado, e ainda, é taxado para a retirado dos resíduos sólidos.
Quando o dever é de quem gera, e não se preocupou com o ciclo e o efeito ambiental de suas embalagens, baterias, etc…
A questão do lixo de Curitiba, especialmente o embroglio de continuidade da lixão da Cachimba, é um verdadeiro estudo de caso da incompetência na gestão pública urbana. Poderíamos até parafrasear o dito: a Cachimba deixa Curitiba torta !