A toga se toca

(por Ruth Bolognese) – No popular, os homens da capa preta estão descendo aos poucos do pedestal e começam a se misturar com a galera, a mostrar o lado, digamos, mais humano da Justiça. E isso é bom pra todo mundo, inclusive pra Justiça.

O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, pode ser considerado um Wesley Safadão do STF, pela popularidade alcançada e pela ampla interpretação do apelido. Com sua língua solta, a relação direta e às claras com o poder de plantão, a dualidade entre o papel de ministro da mais alta corte do País e dono de escola em Brasília, expõe o STF, a Justiça e o rabo preso.

Mas, também, levanta a cortina, ou a capa preta, atrás da qual  se esconderam privilégios, conchavos, decisões inexplicáveis, sentenças incompreensíveis e favorecimentos óbvios na seara do judiciário brasileiro desde sempre.

O fato de o juiz federal Flávio Roberto de Souza ser apanhado dirigindo o carro de Eike Batista, sob custódia judicial, pelas ruas do Rio, e isso se tornar vexame nacional, já foi um grande avanço. A sentença de um colega condenando-o a prisão e acabando com o privilégio do afastamento e aposentadoria integral no caso de crimes variados, é sinal dos novos tempos.

Como diria aquele velho personagem do Chico Anísio, flagrado mais bêbado que um gambá, “eu sou, mas quem não é?” Ou seja, desvios de conduta, crimes, erros, ambições, luta pelo poder, etc. etc. existem em qualquer profissão ou categoria. O que não pode é jogar tudo para baixo do tapete. Ou da toga.

 

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