Devagarzinho, quase parando, o ex-governador de São Paulo conseguiu negociar a maior aliança partidária em relação a todos os principais candidatos, dos quais perde feio em todas as pesquisas – como Bolsonaro, em primeiro, seguido de Marina Silva e Ciro Gomes. Em quarto lugar e patinando há meses ao redor de 7%, Alckmin tem agora a seu lado praticamente todas as legendas da base do presidente Michel Temer, faltando apenas o MDB.
O analista Bernardo Mello Franco, de O Globo, observa:
Alckmin estava desacreditado. Desde o início do ano, ele sofre para convencer aliados, empresários e eleitores de que não será um peso morto na eleição. O acordo tem potencial para ressuscitá-lo.
Ao fechar negócio com o centrão, o tucano garantiu um latifúndio no horário eleitoral. Ele poderá chegar a seis minutos a cada bloco de propaganda em rádio e TV. Agora Ciro é quem terá que se mexer para não sumir do radar do eleitor.
Até aqui, Alckmin só colecionava más notícias na pré-campanha. Ele foi sabotado pelo aliado João Doria e viu parte do eleitorado cativo do PSDB migrar para a candidatura de Jair Bolsonaro.
O tucano aparece em quarto lugar no Datafolha, com apenas 7% das intenções e voto. É um desempenho sofrível para quem já foi candidato ao Palácio do Planalto e governou por quatro vezes o estado mais poderoso do país.
Apesar de investir no discurso ético, o presidenciável pediu socorro a símbolos do que diz combater. Ele costurou o acordo do centrão com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, o poderoso chefão do PR. Alguns dias antes, selou aliança com Roberto Jefferson, dono do PTB.
É uma estratégia curiosa. Na eleição de 2006, Alckmin apostou tudo na indignação do eleitorado com o mensalão do PT. Agora ele se alia a dois caciques que foram presos e condenados por corrupção no mesmo escândalo.
O acordo com o centrão também reforça o vínculo do candidato do PSDB com o governo Temer, do qual ele tentava se distanciar. Agora o tucano terá em seu palanque a maior parte da base aliada no Congresso. Não será surpresa se o MDB desistir de Henrique Meirelles para apoiá-lo.
Quanto mais tempo de televisão o Alckmin tiver, mais vai aumentar sua rejeição. Já estou aceitando apostas….
A ambição desmedida leva a isso, a qualquer coisa desde que o sujeito possa ter uma possibilidade de ser o presidente do país – depois o povo paga as consequências desses arranjos desesperados onde o que menos conta é a ética, pois ninguém vem a saber quais as condições avençadas entre a politicagem envolvida. Se temos que renovar a república essa é uma candidatura que não pode ter sucesso: são os mesmos para a mesma forma de governar – do ut des (troca-troca). Não serve.