(por Ruth Bolognese) – A verdade incontestável é que em 40 anos de vida pública o senador Roberto Requião construiu uma carreira extraordinária, a mais vitoriosa já registrada no Paraná. E em todas as eleições elegeu apenas um candidato: Roberto Requião.
Com muito custo, e já no limiar da aposentadoria, colocou seu próprio filho, Maurício, na Assembléia Legislativa. E é só.
De ontem pra hoje, as expressões que vem usando para definir o ex-senador Osmar Dias mostram, mais uma vez, Roberto Requião sendo autenticamente Roberto Requião.
O discurso preserva a dignidade de um acordo político progressista e a favor do Paraná que vinha buscando com Osmar Dias mas a tradução real é bem outra. A experiência prova que o objetivo de Roberto Requião era a preservação do status quo familiar, ou seja, a eleição dele para o Senado, do filho Maurício para a Assembleia e do sobrinho João Arruda para a Câmara Federal.
E a eleição de Osmar Dias para o governo? Seria esquecida na primeira semana de campanha, levando o ex-senador a buscar recursos, marqueteiros e afins por conta própria. Mas e os preciosos minutos do MDB na TV? Teriam que ser utilizados para a defesa do clã, as respostas aos ataques adversários contra Requião. Foi assim em 2006 e seria assim agora.
Rejeitado o acordo político, o Osmar Dias que até ontem era o melhor candidato ao Governo do Paraná tornou-se o “Vacilão”, o “Ratinho Barbudo”, o ingrato com o PT.
Roberto Requião, como se diz aqui em Paraíso do Norte, não dá camisa pra ninguém. Nem é bom companheiro. Ou alguém imagina que se Osmar Dias pudesse contar, nos bastidores eleitorais, com o apoio efetivo do MDB e de Requião, iria vacilar um momento que fosse?
Está tudo escrito nas estrelas do passado politico recente do Paraná.