A Renault quer cortar 800 vagas na fábrica de São José dos Pinhais (PR) em razão da baixa produção decorrente da queda do mercado de veículos provocada pela crise da pandemia do coronavírus. A empresa emprega 7,3 mil trabalhadores e propôs um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que foi recusado em assembleia dos funcionários realizada na sexta-feira (17).
Os trabalhadores consideraram que os incentivos oferecidos pela montadora não são atrativos. A Renault oferece o pagamento de 3,5 a seis salários extras dependendo do tempo de contrato do funcionário (incluindo dois meses de benefício da MP 936), plano médico por um ano e vale mercado até dezembro, além da primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Para os funcionários que permanecerem na fábrica a proposta de data-base é suspensão de reajustes neste ano e no próximo, com pagamento de abono de R$ 3,5 mil, entre outros itens.
“A proposta é ruim para quem sai e para quem fica”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Na assembleia foi dado prazo até quarta-feira para que a montadora negocie uma nova proposta.
“A Renault está se aproveitando do momento para tirar vantagem e nós temos de resistir”, disse. “Se a empresa quer adesões tem de ter um incentivo de verdade, pois o que está oferecendo é muito pouco”. A montadora, contudo, afirma que se não conseguir as adesões, fará cortes aleatórios e o sindicato promete greve se isso ocorrer.
O complexo produz os modelos Sandero Stepway, Logan, Kwid, Duster, Oroch, Master e Captour e também tem unidades de motores e injeção de alumínio.
O setor automotivo prevê queda de 45% na produção de veículos este ano em relação a 2019, para 1,63 milhão de unidades, previsão que, no início do ano era de 3 milhões de unidades. Em junho, a Nissan – parceira da Renault na aliança global Renaul/Nissan – demitiu 400 pessoas da fábrica de Porto Real (RJ).
Na fabricante de caminhões Volvo, de Curitiba (PR), cerca de 2,7 mil trabalhadores aceitaram no mês passado proposta de PDV similar à apresentada pela Renault, mas que não continha número esperado de adesões. Todas as montadoras afirmaram estar com excesso de pessoal e novos cortes devem ocorrer