Enfim, solto! O mais animado e sorridente dos presos da Lava Jato deve deixar a cela da sede da Polícia Federal em Curitiba no início da tarde desta quinta (29). Ele ganhou na quarta-feira (28) mais uma boa razão para manter o alto astral com que suportou os quase dois anos de recolhimento compulsório à prisão por conta das peripécias de que participou na tarefa de recolher propinas em favor do grupo político ao qual serviu por décadas.
Este personagem chama-se Antonio Palocci, tesoureiro da campanha de 2002 que levou Lula pela primeira vez à Presidência da República, ministro da Fazenda em seu governo e chefe da Casa Civil de Dilma Roussef. Apanhado pelas investigações do Ministério Público Federal, Receita e Polícia Federal, acabou preso e condenado inicialmente a 18 anos de cadeia – na condição de “vizinho” do habitante do 4.º andar, o ex-presidente Luiz Inácio, que, assim como ele, foi condenado pelo ex-juiz Sergio Moro.
Ver o Sol nascer quadrado é um sacrifício que está prestes a acabar para Palocci. Autor de colaboração premiada que abalou as estruturas da República pela revelação de esquemas ilícitos que se davam no entorno do Palácio do Planalto e pela profusão de provas que apresentou, o ex-ministro acabou convencendo os desembargadores do TRF4 de que merecia castigo menor.
Com a assistência dos advogados Tracy Reinaldet e Matteus Macedo – dois jovens profissionais curitibanos que ainda lutam para ingressar no panteão de cardeais da advocacia brasileira – o ex todo-poderoso ministro petista está prestes a voltar ao seio protetor da família. Sua pena de prisão de 18 anos foi reduzida para 9 e, com isso, pode se beneficiar do regime de progressão e cumpri-la em casa, devidamente monitorado por uma tornozeleira.
A delação premiada do ex-ministro foi determinante para a decisão dos desembargadores, que se amparam na legislação pertinente para beneficiar o condenado. O entendimento, contudo, não alcançou a unanimidade, uma vez que o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus discordou dos pares em relação a algumas questões jurídicas. O julgamento teve início em 24 de outubro, mas um pedido de vista havia adiado a conclusão da decisão para este dia 28.