Antes de abril de 2018 e durante todo o ano de 2017, o Palácio Iguaçu virava uma festa quase toda terça-feira. Prefeitos de todo o estado deixavam suas cidades e enfrentavam viagens longas para atender aos convites do governo do estado, que lhes oferecia generosos convênios para repasse de verbas e obras. Como geralmente vinham em carros oficiais, com combustível pago pelas prefeituras e acompanhados de assessores e de vereadores de sua estima, o público era grande, o molho, não raro, saía mais caro que o peixe. O saguão térreo do Palácio ficava lotado. Discursos se repetiam, geralmente com auto-elogios do governador e secretários sobre as bondades que, enfim, o governo estava em condições de propiciar aos municípios. Deputados “da base” também participavam alegremente das festas.
Cheques e contratos eram quase simbólicos, mas agitados pelas mãos alegres dos prefeitos para as filmagens de efeito político.
Agora chegou a hora da verdade: pelo menos 139 prefeitos receberam a notícia nesta quarta-feira (24) de que podem colocar em outro lugar os convênios que assinaram porque a secretaria do Desenvolvimento Urbano – na época sob o comando do secretário Ratinho Jr hoje governador eleito – cancelou 139 convênios com municípios. A culpa é das prefeituras porque elas não apresentaram, no prazo legal, o Plano de Trabalho Definitivo para poder ter acesso aos recursos solicitados.
Foram firmados convênios com 394 dos 399 municípios do Paraná, mas 89 dos beneficiados foram “reprovados” pelo Tribunal de Contas. Prefeitos de partidos da oposição não podiam reclamar – todos, indistintamente, tinham o seu quinhão. Tratava-se de um governo democrático.
Se muitos prefeitos conheceram agora a verdade (ou até já soubessem que seriam barrados no baile porque suas prestações de contas não estavam em dia), a ação política do governador e de muitos deputados também não deu lá muito certo: Beto Richa, antes tão festejado pelos prefeitos, viu que eles sumiram da sua campanha à eleição para o Senado (ficou só com 3,7% dos votos); e muitos dos deputados que acompanhavam os prefeitos dos respectivos redutos também não se reelegeram.
É a vida.
E sobre as perdas que a “night” curitibana sofre com essas ausências, ninguém fala?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Esse beija-mão de prefeitos tem que acabar: puro cabresto eleitoreiro! Contraproducente aos legítimos interesses dos munícipes.