(por Claudio Henrique de Castro) – Da população de 202 milhões de brasileiros, cerca de 60 milhões estão endividados e 30 milhões superendividados, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito.
O Brasil é o terceiro país que mais concentra renda no mundo, somente ficando atrás da Índia e da Nigéria, outros campeões de injustiças sociais.
Temos os juros mais altos do mundo e vivemos num país no qual os bancos e instituições financeiras são os mais favorecidos, jurídica, política e economicamente.
Neste cenário, as pessoas para sobreviveram se endividam continuamente, pois “o cobertor é curto” para pagar as despesas mensais de alimentação, moradia, saúde, educação e outros itens essenciais.
Há, porém consumidores que gastam de forma desequilibrada, não planejam seu orçamento mensal e se deixam levar pelo consumismo de coisas supérfluas. Descuidam do essencial para o equilíbrio do orçamento doméstico.
Com a renda mensal quase totalmente comprometida com pagamentos de empréstimos, consignados e dívidas intermináveis, o orçamento dos consumidores torna-se insustentável.
Há consumidores que utilizam o crédito que lhes é oferecido de forma exagerada, gastando em coisas absolutamente dispensáveis e desnecessárias.
Algumas pessoas têm distúrbios psicológicos que se caracterizam por uma compulsão ao consumismo, isto é, sempre querem comprar mais e mais, sem limites ou freios financeiros, isso tudo por carências ou descompensações emocionais.
Há tratamento específico para estes distúrbios, disponíveis em algumas capitais brasileiras na rede pública de saúde.
Na verdade, este é um grande negócio para as instituições financeiras, pois elas se aproveitam destas fraquezas e debilidades dos consumidores. Assim os bancos e também o comércio oferecem limites de créditos que são impagáveis ou desproporcionais às rendas dos consumidores.
O Código de Defesa dos Consumidores não trata desta situação e ainda não há uma lei específica para estes casos. Por isso vemos algumas ofertas de quitação de dívidas cujos descontos são de 90% (noventa por cento) do principal.
O melhor conselho aos consumidores é o planejamento financeiro, a cautela nas compras e a previsão das entradas e saídas de recursos. Isso tudo deveria ser combinado com uma política governamental de desconcentração e distribuição de renda com a ampliação da classe média brasileira.
Para fazer uma avaliação da dívida, os consumidores devem entrar em contato com profissionais especializados, da sua confiança, mas há casos de consumidores que após regularizarem suas dívidas, logo em seguida, voltam a consumir de forma desenfreada e novamente ficam superendividados.