O povo é apenas um detalhe

Se os deputados debatem e votam, não há razão para o povo reclamar da falta de discussão com a sociedade: “os deputados foram eleitos pela sociedade justamente para deliberar em nome dela”. O povo seria apenas um mero detalhe? A pergunta pode ser dirigida ao secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, que defende regime de urgência para o novo pacote de ajuste fiscal do governo estadual, conforme entrevista à Gazeta do Povo.

“Dono do cofre” do Paraná, Mauro Ricardo explica novo pacote fiscal

O novo pacote de ajuste fiscal do governo do Paraná, enviado para a Assembleia Legislativa nesta semana, mais uma vez tramita em regime de urgência, o que foi alvo de críticas ao governador Beto Richa (PSDB). Segundo o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, isso é necessário para que os projetos sejam aprovados a tempo de o estado fazer a proposta orçamentária de 2018. Ele diz esperar compreensão da população, já que todas as medidas cortam despesas do governo e não há intenção de aumentar a arrecadação por meio de impostos. O governo pretende economizar R$ 100 milhões com o pacote.

Em entrevista concedida à Gazeta do Povo, o secretário também defendeu a iniciativa de “comprar” algumas horas de folga de policiais, para reforçar o efetivo nas ruas. Ele argumenta que essa é uma solução em que todos ganham. Com essa proposta, aliada ao pagamento de abono para quem não se aposentar e continuar na ativa, o governo pretende congelar os concursos públicos para a área de segurança pública por três anos.

Mais uma vez o Executivo encaminhou os projetos de lei com pedido de urgência, o que impede uma discussão mais aprofundada na Assembleia Legislativa. Isso era mesmo necessário?

É necessário porque precisamos encaminhar a proposta orçamentária de 2018 com base nos dispositivos que forem aprovados pela Assembleia Legislativa. Por isso a urgência na tramitação e deliberação.

Mas a discussão com a sociedade não fica prejudicada?

Não fica porque os deputados foram eleitos pela sociedade justamente para deliberar em nome dela. É o que farão.

(leia a entrevista completa aqui)

3 COMENTÁRIOS

  1. Deputados alavancados por candidatos “puxadores de votos” representam a quem?
    Deputados eleitos que não exercem um dia de mandato, transformando-se em secretários, representam a quem?
    Deputados eleitos que lembram de seus eleitores apenas nas campanhas representam a quem?
    Deputados eleitos que vão com a maré de quem manda representam a quem?

  2. A isso tem se propalado a explicação de que se trata de “governança de cooperação” entre executivo e legislativo, mas as pessoas de bem deste país estão vendo e queira deus se convencendo que se trata mesmo de escabroso compadrio de benesses e sinecuras recíprocas entre poderes públicos – no Paraná ele é praticado também com a cooperação do judiciário e do tribunal de contas …

  3. E quando os deputados são cooptados, abduzidos pelo executivo em sua maioria, o voto é apenas uma justificativa da democracia inexistente, enquanto, na verdade somos reféns do sistema, visto que os políticos são sempre os mesmos com suas práticas de domínio. Falar que o povo elege e somos representados, diante de voto obrigatório, com a máquina estatal a todo vapor comprando prefeitos e uma legião de cabos eleitorais.
    Que representante temos, quando não dispomos do mínimo necessário? E uma série de denúncias e todos se calam.
    O Brasil é outro mundo, nossa sociedade está condenada em função da ausência de seriedade, impunidade e o poder a serviço dos mandantes.

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