O desassossego do Palácio Iguaçu

(por Ruth Bolognese) –A aparente normalidade é o patrimônio mais caro ao poder. A crise pode espalhar resíduos por todos os gabinetes, salas, corredores e pelos cantos, mas na hora de mostrar a cara todo governante sorri, faz uma frase de efeito e diz que precisa trabalhar para o Brasil crescer. O resto são picuinhas. Na verdade, as picuinhas mandam, desmandam, assustam e quase sempre provocam pânico.

O governo Beto Richa parece viver um “momento picuinha”: a prisão no último sábado, de Maurício Fanini, o articulador do grande desvio de recursos públicos das escolas para a campanha de reeleição do governador, na chamada Operação Quadro Negro, foi uma picuinha da maior gravidade. E a possibilidade do deputado Plauto Miró Guimarães , personagem da Quadro Negro, se tornar o segundo delator-bomba, fez com que a picuinha subisse o elevador do Palácio Iguaçu, atravessasse todos os corredores e se alojasse, bela e formosa, no Primeiro Gabinete.

O problema, no momento, é a dúvida. Sem saber exatamente de onde vem o golpe e, principalmente, quem pode desferi-lo, as teorias da conspiração se alardeiam. E os experts em crise sobem de patamar. Há uma operação em curso, desde ontem, para impedir que o deputado Plauto Guimarães abra o bico. E sobre a prisão de Maurício Fanini não há muito o que fazer, a não ser cruzar os dedos e rezar para que ele assuma a culpa sozinho.

Os boatos de prisão deste ou daquele funcionário de alto escalão se espalham. Grupos de advogados de primeiríssimo time são acionados e o governo se esforça para manter a normalidade. São duros os dias do Palácio Iguaçu. Principalmente quando o núcleo do poder precisa tourear as picuinhas enquanto passa a impressão que governa o Paraná. Na maior normalidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui