(por Ruth Bolognese) – Surge uma história singela, algo poética, no meio da frieza do momento. A do barbeiro Eliseu Clemente (que nome mais adequado, meu Deus!) que, religiosamente, faz a barba e o cabelo do ex-presidente Lula na cela da Polícia Federal em Curitiba.
A história, levantada pelo jornal O Estado de São Paulo, era um segredo que ele guardava até da família e só revelou quando foi autorizado por Lula e preocupado com a desconfiança da mulher, que não entendia as saídas quinzenais e misteriosas.
O barbeiro, com salão na vizinha Colombo (a 15 minutos da sede da Polícia Federal), nem de longe devia saber que qualquer jornalista deste País daria um dedo para ter o privilégio profissional de convivência tão próxima e regular com o ex-presidente. É reportagem na veia. Alguns, até, como a famosa colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bergamo, entraram na Justiça para ter acesso a Lula, o que foi negado.
Para o barbeiro apolítico, sem a paixão da notícia, é simples e trivial. O cumprimento do ofício de ir até a Polícia Federal, com a navalha afiada, cuidar de manter o preso mais famoso do Brasil com boa aparência, ser discreto e voltar pra vida diária.
Salvo mordomos reais e papais que de vez em quando escrevem livros e dão entrevistas pra lá de comprometedoras, a história está repleta de encontros assim, onde quem se aproxima da intimidade de reis, rainhas, grandes líderes, e atualmente das indefectíveis celebridades, são os mais simples, e geralmente lhes dedicam fidelidade e discrição.
É o que faz o barbeiro de Lula. Se vai continuar assim, só o tempo dirá.