Mudanças de hábito no Iguaçu

(por Ruth Bolognese) – Depois das denúncias do Ministério Público envolvendo a cúpula do governo Beto Richa em desvios de recursos para a campanha da reeleição, o comportamento geral mudou muito no Palácio Iguaçu.

O medo de telefone, mesmo o celular, virou fobia. Aquela imagem clássica de assessor sempre grudado ao telefone, por exemplo, é uma raridade. E mesmo assim, as ligações duram poucos segundos, na base do “hum,hum” e “tchau, tchau”.

Telefone fixo, então, assusta mais do que aranha caranguejeira: tem assessor que passa longe e com a cara virada.

Qualquer luz vermelha piscando num corredor ou num estacionamento causa verdadeiro tumulto interior porque lembra filmagem da Polícia Federal. É o pavor de se ver no noticiário da TV em atitudes menos convencionais, como correndo com uma mala pelas ruas. Ou escondendo algum papel-moeda sob a cueca.

Outra situação que gera pânico é uma ligação da Patroa dizendo que está indo ao supermercado. Se antes era rotina, agora é o medo de ter que explicar para o juiz Sérgio Moro que o pedido pra comprar um quilo de linguiça Bizinelli não tem nada a ver com a J&S ou o Joesley Batista.

Agora, se alguém quiser causar mesmo com qualquer assessor graduado do Palácio Iguaçu é só ligar por telefone e perguntar se vai ter doação por caixa 2 na próxima campanha. O sujeito é capaz de cair estatelado no tapete do terceiro andar e quando conseguir descerrar os dentes, só vai chamar pela mãe, durante 6 meses.

Vida dura a desse povo de terno escuro e gravata da hora.

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