Miriam Leitão, vítima do erro do patrão

(por Ruth Bolognese) – O grande mito do jornalismo em qualquer parte do mundo não é a pregação da imparcialidade. É acreditar nela. O constrangimento pelo qual passou uma das jornalistas mais célebres – e respeitadas – do país, Miriam Leitão, nesta semana, está aí pra mostrar a realidade.

Na Globonews, diante de um Jair Bolsonaro sem medo de jogar tudo no ventilador – num momento raro em que respeitou a história – e lembrou o passado golpista (é a palavra da moda) da rede Globo. Os jornalistas que o entrevistavam, e Miriam em particular, foram acometidos do elemento surpresa e ficaram, todos, na base do “ah, é?”, papel reservado apenas aos mais novatos e inexperientes na profissão.

Poderia ter ficado por aí, mas a Globo anda apanhando demais nas ruas para deixar passar.

Ato contínuo Miriam Leitão passou a reproduzir texto escrito no afobamento e que lhe chegava ao ouvidos pelo ponto eletrônico. Pega de surpresa, foi para o ralo a segurança com que Miriam Leitão exibe há mais de 20 anos a frente da telinha.

Sem compasso, as longas paradas na leitura aumentaram o constrangimento e fizeram da defesa da rede Globo – “o erro de apoiar a ditadura foi admitido em 2013” – um exemplo de canastrice e um golpe duro na credibilidade de Miriam Leitão. Ela não merecia o desrespeito que a direção da Globo lhe impôs.

Jornalistas erram muito e erram feio. Como qualquer outro profissional. Às vezes por conta própria, quando se aliam a picaretas do cotidiano. Às vezes por acreditarem em bananas que não honram nem a própria história.

Mas erram, sobretudo, quando se colocam como depositários fiéis da imparcialidade, mesmo na condição de funcionários de um jornal, uma revista ou uma emissora de TV. Na cena patética da leitura do editorial em defesa da democracia da rede Globo, Miriam Leitão escancarou a verdade: liberdade de pensamento pertence ao patrão. Simples assim.

6 COMENTÁRIOS

  1. Celso Nascimento. Editor chefe do Contraponto. Meus parabéns pelo trabalho que vem realizando nestes excelentes editoriais, sem promiscuidade com nenhuma entidade nem políticos jaguaras, como os que temos hoje, com raras r hknrosas exceções…Onde você estava antes, pergunto porque sempre nos faltou este tipo de coragem de atacar de frente estes crápula das redes de TV financiadas pelos últimos governos corruptos que destruíram nossa grande nação, me fale a respeito, você já está cobiçado para nós ajudar neste novo governo do Bolsonaro…

  2. Parabéns contraponto, uma voz jndependente nesta promiscuidade esportiva da FALIDA E DESMORZLIZADA GLOBO LIXO. Mais uma vez, parabéns ao mentor do Cotrapknto, fiquei seu fã e já redistribui esta fabulosa refkexão para todos os meus contatos firmzdores de opinião que vão conduzir o Herói Capitão Bolsonaro à presidência desta ultrajada, roubada, desmoralizada nação que teve uma amaldiçoada Rede Globo, aclmunadz ckm as piotes giguras polítjcas da nação que fez trupe com os piores políticos dos últimos 50 anos…

  3. Nada pior do que a imparcialidade travestida. Mas, é impossível enaganar a todos o tempo todo, já dizia Lincoln. Tão constrangedora quanto a resposta da Globonews, foi a postura servil de seus jornalistas durante a entrevista com Alckmin. Só faltou pedirem “selfies” durante a entrevista. Foi um festival de “levantar a bola” para o Santo cortar. A Globo e seus profissionais pagam o preço dessa imparcialidade de fachada. Mais honesto seria assumir editorialmente que apoiam o PSDB e o MDB de Meirelles ( que será ministro num governo Alckmin). Resta o mico em rede nacional. É uma justiça poética

  4. Lamentável a Globo colocá-la naquela situação. Totalmente perdida na transmissão que já tinha se encerrado.
    Isso mostra o motivo dos bons jornalistas estarem seguindo por caminhos independentes e livres, com o compromisso de narrar fatos sem valorar apontamentos concretos.
    Miriam Leitão tentou se impor na entrevista toda, e ao final não precisava passar por tamanho constrangimento. Rasgou boa parte do currículo por indução da Chefia. A maior prejudicada foi ela.

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