Meta4, uma pedra no meio do caminho (1)

(por Rafael Moro Martins e José Lázaro Jr., do Livre.jor, especial para o Contraponto)

O futuro administrativo das universidades estaduais ronda todas as reuniões em que Carlos Luciano Sant’Ana Vargas está presente. Ele acumula três postos-chave no momento: é presidente da Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público), reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e responsável pelo grupo de trabalho capaz de encerrar a disputa relacionada ao Meta4 de uma vez por todas.

A questão é que, desde 2012, quando por decreto o governo do Paraná exigiu que as instituições de ensino superior abandonassem seus softwares de gestão de pessoas, trocando-os pelo sistema Meta4, as universidades e a gestão Beto Richa estão em choque. A situação agravou-se em 2015, quando as instituições incluíram na pauta da greve que o governo parasse de exigir a fusão dos sistemas de recursos humanos das instituições. Para elas, é uma agressão à autonomia universitária.

Criado em 8 de agosto deste ano pela secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), após diversas reuniões infrutíferas, várias realizadas na Casa Civil, o grupo de trabalho é integrado somente pelos reitores das universidades. Sem “gente do governo”, dizem. Nomeado presidente dessa comissão, Luciano Vargas, como é conhecido no meio acadêmico, está encarregado de fazer o meio campo entre as sete universidades.

Se os reitores chegarem a um consenso, podem aceitar o Meta4. Se não quiserem, criam um obstáculo gigantesco para a unificação da gestão de pessoas no comando central do Executivo. O assunto é tão espinhoso que os reitores já “descumpriram” o prazo dado pela Seti duas vezes. A regulamentação da autonomia deveria estar pronta em setembro, mas sem um relatório final a data foi prorrogada para 25 de outubro. De novo, nada – e outra prorrogação.

Caso não aconteça algo nos próximos dias, a novela vai se arrastar 2018 adentro e, pela polêmica que ela significa à comunidade acadêmica, talvez permaneça “emperrada” no ano eleitoral. Na semana passada, os reitores e o secretário da área, João Carlos Gomes, estiveram reunidos – mas nenhuma notícia surgiu do encontro. E aqui, uma curiosidade, pois Gomes e Vargas têm bastante coisa em comum.

Luciano Vargas assumiu o comando da UEPG quando João Carlos Gomes, um acadêmico bastante afeito à política — costuma frequentar eventos partidários na cidade –, foi nomeado secretário de Ciência e Tecnologia pelo governador Beto Richa (PSDB) em 2013. Passados cinco anos, ambos permanecem em seus cargos. Apesar do aparente alinhamento com o Executivo, a UEPG tem restrições à adoção do Meta4.

“A utilização do Meta4 gerará duplicação do trabalho, visto que somente atende folha de pagamento e não dá possibilidade para relatórios gerenciais e interligação com os sistemas existentes e utilizados atualmente no âmbito das IEES [sigla para Instituições Estaduais de Ensino Superior]. Ou seja, se não houver outra solução e o Meta4 vier a ser implantado, infelizmente teremos o retrabalho de alimentar dois sistemas simultaneamente”, disse a UEPG ao Livre.jor, via assessoria de imprensa.

3 COMENTÁRIOS

  1. Acho que vocês deveriam questionar o motivo da dispensa de licitação e ou inexibilidade da contração do Meta 4. Sistema este usado tanto na prefeitura, novamente sem licitação, quanto no Estado. Coincidências?

  2. “Os nossos processos de inovação integram as necessidades dos nossos clientes e respondem aos desafios colocados pela complexidade atual, detetando as tendências emergentes e incorporando as melhores práticas do mercado na nossa solução.”

    “Fácil integração com outros sistemas”

    Viva o ContraPonto. Não sabia que existia isso. E ai fui ler o que é. Achei o que li muito legal. Interessante mesmo. Mas como tudo na vida, uma coisa é a a tela da Internet , outra a aplicação na realidade.

    Pelo visto venderam bem pro richa. E devem ter frisado a parte onde diziam que a integração era fácil. Pelo visto não é,

    Trabalhei numa grande empresa que ao longo do tempo desenvolveu sistemas que fazem tudo aquilo que o Meta4 promete. E fez da antiga Gestão do RH uma verdaedira gestão de pessoas.

    Fica claro que a última coisa que o richa queria é modernizar a gestão, principalmente a da Educação que foi fonte de renda para ele e seu grupo politico, ja que aparentemente não consultou ninguém antes de fazer o negocio. Logo a principal gestão a ser modernizada é a dele. Fiquei com a sensação de mais ação de marketing do que realização.

    Agora que ja tá pago, dá pra devolver?

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