Quem é reu pode ser candidato? Só o fato de ser reu em processo que envolve malfeitos na vida pública já é motivo suficiente para o político ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa?
Ambas as perguntas têm resposta negativa e, sim, Beto Richa pode continuar candidato a senador mesmo tendo se tornado reu pela primeira vez nesta terça-feira (26) num processo em que é acusado de aplicação irregular de verbas federais destinadas à saúde pública quando ainda exercia o cargo de prefeito de Curitiba em 2009.
Beto foi declarado reu pelo juiz federal Nivaldo Brunoni ao aceitar denúncia formulada pelo Ministério Público Federal naquela época. O processo tramitava no Superior Tribunal de Justiça (STJ), portanto, há nove anos e só desceu à primeira instância após a perda do foro privilegiado que Richa detinha antes de renunciar ao cargo de governador.
Só não podem ser candidatos os que, tendo sido condenados em segunda instância, são alcançados pela Lei da Ficha Limpa, que não impede a candidatura daqueles que respondem a processos em primeiro grau ou que ainda não tenham sido condenados em grau de recurso. É o caso de Beto Richa.
Beto será eleito senador. E será eleito com folga. Beto representa com perfeição a política do Moronhão. É de família tradicional, bem casado (com uma descendente de família rica), tem um Porsche, uma Harley-Davidson, roupas de milhares de dólares, faz compras em Miami (ou na Sax de Ciudad del Este). Finge que fala inglês, fotografa bem. É o que importa para a compreensão da maioria dos conscientes eleitores da República de Curitiba e do Moronhão. Se está envolvido em corrupção… não vem ao caso.
Ficha limpa é um mero rótulo sem coerência com os fatos: o pior governador do Estado de todos os tempos deixa um rastro de malfeitos e um prontuário de indiciaçoes policiais nunca visto. Sua passagem nefasta como prefeito e como governador nada recomenda outro mandato popular, em outubro (se a justiça demorar) é o momento dos paranaenses de bem alijá-lo da política para sempre.