Mais ricos, mais chances

Graças a um veto de Temer no texto da reforma política, são agora ilimitados os gastos pessoais que um candidato pode fazer para financiar sua própria campanha. O céu passa a ser o limite. Assim, quanto mais ricos e mais dispostos a enfiar a mão no bolso, mais fácil ganhar a eleição dos candidatos mais pobres, que passam a depender exclusivamente das vaquinhas de pessoas físicas que simpatizem por eles. Doações empresariais continuam proibidas – para o caixa 1, claro. Já para o caixa 2 depende da coragem dos empresários doadores de correrem o risco de cair numa dessas operações do Ministério Público e da Polícia Federal.

Tudo isso, porém, pode virar história da carochinha. Nas últimas eleições (2016), quando já estava valendo a proibição de doações empresariais, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) detectaram indícios de irregularidades em 200.011 doações eleitorais, R$ 659.364.470,23.

A inspeção verificou 37.888 doadores inscritos no Bolsa Família, 55.670 doadores desempregados, 24.646 doadores cuja renda conhecida é incompatível com o valor doado, 43.382 casos de concentração de doadores em uma mesma empresa e 14.510 doadores sócios de empresas que recebem recursos da administração pública. Outros 250 mortos também apareceram como doadores de campanha, segundo o levantamento.

Como se vê, sempre se dá um jeitinho…

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