Em 23 de novembro de 1971, o governador do Paraná, Haroldo Leon Peres, enviou uma carta à Assembleia Legislativa de poucas linhas para anunciar que “Por este instrumento por mim feito e assinado, renuncio ao mandato de Governador do Estado do Paraná”. Isso foi há exatos 50 anos. Único governador indicado pelo Regime Militar de 1964 a não completar o mandato, Haroldo Leon Peres teve vida curta no governo paranaense: foram apenas 252 dias.
Desde o início, mesmo antes de assumir – ele foi indicado para o cargo praticamente um ano antes de tomar posse, tendo o Paraná que conviver com a dualidade de um governador eleito pelo povo, Paulo Pimentel, e outro com a expectativa de assumir – Leon Peres foi polêmico, para dizer o mínimo. No governo atritou-se com o Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, funcionários públicos e chamou seu governo de legítimo representante do golpe militar de 64. Nesta toada, julgando-se “senhor de tudo”, encontrou pelo caminho o empreiteiro Cecílio do Rego Almeida que tocava a obra da Estrada de Ferro Central do Paraná.
Representantes do governo (antes seu irmão, Murillo, depois seu chefe do Gabinete de Despachos, Jerônimo Thomé da Silva) tentaram arrancar dinheiro do empreiteiro que fez uma denúncia escrita no SNI (Serviço Nacional de Informações) deflagrando a Operação Erva-Mate. A partir daí foi montado um dossiê com fotos e escutas telefônicas. Tudo compilado, os fatos pressionaram Leon Peres a renunciar, com ordem dada por quem bancou sua nomeação, o presidente Emílio Médici, ou ser “cassado”, como ficou o registro para a história.
Todo este período tumultuado do Paraná é narrado com documentos, imagens, a publicação inédita do dossiê da Operação do SNI e a primeira entrevista do ex-governador revisada à caneta por ele, no livro “1971 – Conspiração, conflitos e corrupção: a queda de Haroldo Leon Peres”, de Jair Elias dos Santos Junior e Jean Luiz Féder, que será lançado nesta quarta-feira (23), a partir das 19 horas, na Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigui na rua que leva o nome do vice-governador, Parigot de Souza, que assumiu o governo com a renúncia de Leon Peres. A obra tem 650 páginas, faz um pente-fino nos doze meses do ano de 1971 e custa R$ 69,90 e pode ser adquirido no https://novahistoriapr.com.br/projetos/leon-peres-1971/ ou no https://www.livrariascuritiba.com.br/livros/1971