Lava Jato chega ao Palácio Iguaçu

O chefe da Casa Civil, Guto Silva, vive dias difíceis: depois de ser apontado como um dos deputados “gulosos” na Assembleia, ele vê seu nome agora citado pelo delator Nelson Leal Jr. – ex-diretor geral do DER – como beneficiário de um repasse de R$ 100 mil feito pela concessionária Econorte. Guto ocupa desde janeiro movimentado gabinete no 4.º andar do Palácio Iguaçu. A delação faz parte das investigações feitas pelo Ministério Público Federal durante a Operação Integração, 48.ª fase da Lava Jato.

O fato está sendo revelado nesta sexta-feira (15) pela coluna de Fausto Macedo no jornal O Estado de São Paulo:

O ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR) Nelson Leal Júnior, delator da Operação Lava Jato, afirmou ao Ministério Público Federal que entregou R$ 100 mil, em mãos, ao deputado Guto Silva (PSD) em 2014. Desde janeiro deste ano, Guto Silva é secretário da Casa Civil do governador Ratinho Júnior (PSD), no Paraná.

Segundo Nelson Leal Júnior, naquele ano, o valor foi solicitado por José Richa Filho, o Pepe Richa, irmão do ex-governador do Estado Beto Richa (PSDB), ao então presidente da Econorte, Helio Ogama – também delator. A Lava Jato afirma que Nelson Leal Júnior era o principal responsável pelo esquema fraudulento no DER-PR.

À Procuradoria da República, o delator afirmou que os R$ 100 mil solicitados por Pepe Richa a Helio Ogama ‘seriam utilizados na campanha eleitoral do então candidato a deputado Guto Silva (Luiz Augusto Silva)’. Em 2014, Guto Silva foi eleito pelo PSC com 45.313 votos. O parlamentar declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) R$ 255.920,00 em bens.

No ano passado, o deputado foi reeleito com 66.412 votos. Guto Silva declarou R$ 504.387,91 em bens.

Nelson Leal Júnior relatou à Lava Jato que, em agosto de 2014, ‘no dia em que Helio Ogama foi realizar a entrega do valor solicitado em espécie, nem José Richa Filho, nem Luiz Claudio estavam no prédio do DER’. Para os investigadores, o delator referiu-se a Luiz Cláudio da Luz, ex-assessor de Pepe Richa.

“Luis Claudio disse ao colaborador que, por conta da ausência dele e de José Richa Filho, o colaborador (Nelson Leal Júnior) deveria receber o montante de R$ 100 mil de Helio Ogama e entrega-lo a Guto Silva, o qual já estava avisado de que deveria buscar o dinheiro na sala do colaborador no DER”, afirmou.

“Conforme previsto por Luis Claudio, Helio Ogama procurou o colaborador em sua sala e entregou ao mesmo o valor de R$ 100 mil; que, em seguida, no mesmo dia, Guto Silva foi até o DER e, na sala do colaborador, recebeu das mãos deste o valor de R$ 100 mil solicitado por José Richa Filho à Econorte.”

Em janeiro, Helio Ogama foi interrogado em ação penal na 23ª Vara Federal de Curitiba. Na ocasião, o ex-presidente da Econorte citou uma ‘ajuda política’ de R$ 100 mil a um ‘deputado ou candidato’, sem tocar no nome de Guto Silva.

“Ele (Nelson Leal Júnior) pediu ajuda política, seria para um deputado ou candidato, que seria cem mil reais. Eu dificultei um pouco, mas devido à várias insistências, eu arrumei para ele cem mil reais, entreguei na sala dele”, contou.

Guto Silva já se manifestou:

Sou a favor de que todo ocupante de cargo público possa ser investigado e deve ter os seus atos acompanhados de forma pública e transparente. Mas não tenho nenhum receio ou problema de confrontar essa delação porque é uma declaração mentirosa e caluniosa. Não há nenhum fato que possa, no mínimo, sugerir essa minha conduta. Agradeço essa oportunidade de deixar isso bem claro e a Justiça terá essa certeza também ao final de qualquer apuração.

5 COMENTÁRIOS

  1. Withe Duck: Engracado este secretario é aquele que montou uma subsidiária da KGB na Casa Civil, para investigar todos os indicados pelos deputados para cargos no governo. Esqueceu que pau que bate em Chico, tambem bate em Francisco.

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